É comum na história da arte referir-se à ideia que tem um autor como uma “iluminação”. A inspiração que acomete um artista é lembrada muitas vezes como um raio, uma “luz” que dá a ver a obra onde antes não havia nada.
Na vida real, também há espera pela luz, relatam melhor os moradores de Porto Alegre, Região Metropolitana, e demais rincões gaúchos. A cada passagem de um temporal, eles costumeiramente se vêem desassistidos da normalidade dos serviços da rede elétrica.
A diferença é que, enquanto no caso dos usuários do serviço da rede a volta da luz depende da competência, nem sempre presente, das empresas e instituições políticas responsáveis, na arte o “insight” costuma ter uma explicação mais milagrosa e diria até imponderável.
Nem sempre é possível dizer de onde um escritor, um pintor, um músico, tirou uma ideia para uma criação. E, talvez por isso, seja difícil cobrar que sua produção obedeça uma certa regularidade, como no futebol, onde o atleta precisa estar em campo a cada três dias.
De qualquer modo, é fato que a crônica esportiva, como gênero literário, torna mais saboroso para aquele que acompanha o futebol viver o dia a dia do esporte cada vez mais ocupado pelas análises hiper-estatísticas e chavões que elevam a abstração ao cume do nada dizer.
Assim, retomo o desafio de escrever os jogos em crônica, com a intenção de tentar trazer, desapegado de grandes pretensões, um relato um pouco diferente. E o jogo deste sábado do Inter, nesse clima de “la intensidad” coudetista, acaba sendo um bom ensejo.
Um time levado a campo com o discurso punk da mega produção, mas que, como o artista, ou como qualquer humano, é inconstante e seletivo com suas emoções. O Inter de Coudet até tentou manter um padrão de atuação, esquecer o River na LIbertadores, mas no fim, mesmo com o bom e vibrante primeiro tempo, oscilou e trocou forças com um organizado Corinthians.
Houve tempo até para o destempero. As câmeras flagraram Enner Valencia empurrando o Coordenador Técnico Magrão após a partida. Coisas humanas, demasiadamente humanas. Resta saber se toda passionalidade virará iluminação na Libertadores.
O jogo: breve relato
Coudet poupou titulares, pensando no River. Mesmo assim, o Inter entrou em campo disposto a ir ao ataque. Aos 3, Bruno Henrique chutou por cima. Aos 9, Maurício, de longe, acertou o travessão.
Mas quem saiu na frente foram os visitantes. Aos 12, Renato Augusto dominou na área e chutou colocado. A bola desviou na defesa e enganou Rochet. Corinthians na frente.
Mas o empate do Inter não demorou. Aos 17, Matheus Dias encontrou Pedro Henrique na linha de fundo e ele cruzou para Bruno Henrique fazer o gol. O bandeira anulou, mas o VAR corrigiu e o gol foi assinalado.
No segundo tempo, o Inter conseguiu não decair tanto no segundo tempo como em outros jogos da temporada. Porém, talvez pela falta de uma maior volúpia, veio o castigo com o gol da equipe paulista, aos 40 do segundo tempo, quando a partida parecia que terminaria empatada.
Johnny derrubou Yuri Alberto na área. Pênalti. Fábio Santos cobrou e colocou o Corinthians na frente. Festa da Fiel. Pairou no Beira-Rio aquele misto de raiva e frustração por mais uma vez não ganhar do Timão. Mas não ficaria tão mal. Aos 53, Enner Valencia cruzou e Luiz Adriano fez de cabeça. Tudo igual no Gigante. Menos mal.
Situação e próximo jogo
O Inter tem 24 pontos na tabela do Campeonato Brasileiro e termina o sábado na décima colocação. O próximo jogo do Colorado pela competição nacional é contra o Botafogo no sábado (12), no Engenhão, às 21h.
Mas agora tudo é Libertadores. Na terça-feira (8), às 21h, o Inter recebe o River Plate no Beira-Rio, pelo jogo da volta das oitavas da competição continental. O time gaúcho precisa reverter a derrota de 2 a 1 sofrida no Monumental de Nuñez.
Escalações
Inter
Rochet; Igor Gomes, Vitão, Nico Hernández e De Pena; Gabriel (Johnny), Mauricio, Matheus Dias (Wanderson) e Bruno Henrique (Aránguiz); Pedro Henrique (Alan Patrick) e Luiz Adriano – Técnico: Eduardo Coudet.
Corinthians
Cássio; Fagner, Gil, Murillo e Fábio Santos; Maycon (Roni), Ruan Oliveira (Bruno Méndez)e Renato Augusto (Vera); Adson (Matheus Araújo), Yuri Alberto e Guilherme Biro (Romero) – Técnico: Vanderlei Luxemburgo
Cartões amarelos
Inter
De Pena, Bruno Henrique, Rochet;
Corinthians
Yuri Alberto, Roni
Cartão vermelho
De Pena
Arbitragem
Árbitro: Wagner do Nascimento Magalhães (Fifa-RJ)
Auxiliar: Thiago Henrique Neto Correa Farinha (RJ)
Auxiliar: Alex dos Santos (SC)
VAR: Wagner Reway (Fifa-PB)