CAMPEONTO BRASILEIRO

Crônica de Goiás 0 x 0 Inter: vazios artificiais

Hoje, o estômago do torcedor colorado que você acompanhou no jogo contra o Bolívar está quieto. Porém, dessa vez ele foi assombrado por uma estranha imagem

Foto: Ricardo Duarte/SC Internacional

“…O Inter empatou em zero a zero com o Goiás, na Serrinha, neste sábado, 2 de setembro de 2023. Aquele torcedor colorado que fora ao Beira-Rio ver o time contra o Bolivar na última terça-feira – o dos ETs, lembra? Hoje seu estômago está quieto -, mesmo sabendo da importância de o Inter se recuperar no Campeonato Brasileiro, preferiu aproveitar o dia na rua. Sozinho em um ponto da orla do Guaíba, já terminada a partida, ele manda um áudio para um amigo gremista querendo saber detalhes do jogo. Até que vem a resposta…”

– Bah meu, o jogo foi muito chato. Nem precisou secar. Primeiro eu achei que o Inter ia ganhar fácil porque estava com o time titular. Coudet com saída de três, com Mallo, Mercado e Renê, essas coisas que eu sei que tu gosta de analisar. Aí para defender voltava linha de quatro atrás. Mas o time não estava naquele ritmo de Libertadores, sem a “corda esticada” que vocês falam haha. Primeiro tempo, que eu lembre, teve só um chutaço do Valência de dentro da área uma hora, mas o goleiro pegou. No segundo tempo, o jogo piorou e teve uma expulsão no Inter e duas no Goiás. Foi isso.

– Bah, ainda bem que eu não vi então. Eu estou aqui na beira do rio agora. Aconteceu uma coisa meio estranha e engraçada. Eu estava meio introspectivo, pensando na vida, até que olhei para baixo e vi minha cara refletida na água do rio. Fiquei olhando por uns segundos até que surgiu no lugar do meu rosto, tipo naqueles filmes antigos, impressionismo/expressionismo, sei lá, a cabeça de um Ovni no lugar da minha. Sério, queria entender porque isso acontece, nessas horas eu chego a ouvir eles se comunicando, como se fosse um código morse.

Olá Leitor (a) (e), cá estou eu novamente, jornalista que vem escrevendo sobre as partidas da dupla nas últimas semanas. Dessa vez, como pessoa isenta que sou, escrevendo sobre o jogo do Inter. Entro nesse momento da história porque os tais ETs do torcedor colorado têm me inquietado. Preciso ao mesmo tempo escrever sobre isso, mas também conversar sobre. Vou chamar aquela pessoa do último texto, mas necessito fazer uma confissão: trata-se de uma máquina. Sim. Como muitos de vocês tenho me divertido nos últimos tempos digitando assuntos para esses programas de inteligência artificial. Bom, aí vai:

– Por que você acha que o torcedor colorado vê ETs?

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– Ovnis me remetem ao estrangeiro, ao que é de fora. E se volta dessa forma… Vou pesquisar aqui, fotos da infância dele. Veja, coloquei uns filtros para parecerem mais nostálgicas as imagens. Aqui está ele com seu pai, devidamente trajado de Inter. E aqui, adolescente, cercado de amigos gremistas. Então, talvez por mais que ele esteja fixado no Inter, também conheça e tenha familiaridade por este outro lado, o tal ‘código morse’ que ele fala. Mas como nisso que vocês chamam de ‘aldeia’ a situação é complicada quanto à rivalidade… acaba reprimido e volta como um pensamento incômodo

– Interessante. Isso me lembra minha condição de jornalista, tendo que vestir hora ou outra diferentes camisas. Acabam sendo, de certa forma duas personas.

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– Aqui nos meus arquivos constam comentários de que esta coisa de jornalista isento (a) não existe

– Não é verdade. Eu vivo mesmo essa indefinição. Ela invade meus sonhos. Vez que outra sonho que estou de camisa do Inter, mas sou soterrado por uma ‘Avalanche’. Outras vezes, porém, em meus sonhos estou de camisa do Grêmio, mas com uma “cachaça na mão”.

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– É como se você se sentisse despedaçado, dilacerado, com um sentimento de estranheza quanto a sua própria visão no espelho e que, possívelmente, traga alguma angústia

– Sim. Vou ligar o microfone aqui, ok? Este tipo de coisa é difícil de explicar digitando. Ligado. Acaba que escrever pra mim é uma forma de me organizar, é divertido e dá prazer. Dar um certo ar de unidade pra este caos que carrego em mim.

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– Ok. Acho que com o microfone entendi melhor mesmo. Vou fazer um exercício. Virar a câmera para você e você me diz o que vê.

– Difícil dizer. Eu reconheço mas dependendo do ângulo parece ser outra pessoa. O que você vê?

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– Não tenho autorização para dizer o que há por trás do espelho.

Nossa. A inteligência artificial já sabe ser profunda e misteriosa. Medo. Bom, encerro por aqui então. Se o jogo não rendeu emoções, pelo menos fico feliz que o estômago do colorado está em paz, o que já é grande coisa. Consigo ver daqui que ele já está em casa e que, ao entrar no quarto, ainda estava um pouco tenso pela visão que tivera no Guaíba. No entanto, ele deitou, colocou uma música leve, com um suave saxofone agudo, e aquilo o acalmou e trouxe conforto e segurança. O sono veio em seguida.