FORA DA COPA

Crônica Brasil 1 (2) x 1 (4) Croácia: tensão e decepção tropical

Brasil abriu o placar na prorrogação, mas cedeu empate quando o jogo se encaminhava para o fim. Nos pênaltis, a Croácia levou a melhor

O Brasil foi eliminado nos pênaltis nas quartas de final da Copa Mundo na partida mais difícil até o momento. Um jogo que exigiu acima de tudo muito controle emocional para que o time mantivesse um nível de competitividade alto a todo instante.

Logo um fator tão cobrado do Brasil nas últimas Copas. Sempre que uma decisão chega, a resiliência mental dos brasileiros é posta à prova. Cenas já gravadas no imaginário popular, como a cena de Thiago Silva chorando em 2014, vem à tona reiteradamente.

Nesta sexta-feira (9), contra a Croácia, o Brasil soube bem manter o foco da partida durante os 90 minutos e até fazer o gol na prorrogação, com Neymar. Depois, a equipe administrou mal a vantagem e, em um erro bobo no campo de ataque, cedeu o contra-ataque que a Croácia precisava para fazer o gol, com Petkovic, e levar a partida para os pênaltis.

Nas penalidades, especialidade dos croatas, o Brasil parecia com a moral baixa. Alisson não pegou nenhum pênalti e Rodrygo e Marquinhos desperdiçaram. Brasil eliminado e a Copa do Qatar não tem mais uma de suas sensações.

Mas abre-se, evidentemente, a partir de mais uma eliminação não só na era Tite, mas de uma geração que ainda não viu o Brasil vencer uma Copa do Mundo, a última em 2002, uma discussão sobre como conciliar nossa cultura do ritmo, da dança, assim como nosso caráter passional, com as demandas do tão falado futebol moderno.

Os jogadores brasileiros foram muito cobrados nos últimos tempos sobre fazer as conhecidas dancinhas nas comemorações dos gols. E não tenha dúvida, leitor (a), que os críticos e demais oportunistas aparecerão para fazer toda sorte de comentários relacionando as atitudes dos atletas da Seleção com o erro que culminou no gol croata.

Tenho convicção, porém, de que o jogo de hoje não passou por nada disso. Vi, ao contrário, uma equipe que superou suas dificuldades emocionais, controlou a partida e esperou o momento certo para encontrar espaço na defesa adversária e abrir o placar. O empate adversário saiu em um descuido no campo de ataque, que talvez seja mais um equívoco estratégico do que algo psicológico.

Antes disso, após um primeiro tempo de desencaixe na marcação e muita cautela na construção das jogadas de ataque, o Brasil controlou a partida e poderia ter ganho no tempo normal, não fosse intervenções do goleiro Livakovic.

Enfim, a partir de agora, uma vez digerida a eliminação, o que talvez demore, será preciso pensar o destino de nosso futebol. Até porque Tite irá sair do comando técnico da Seleção, pelo que se vem falando. Penso que o certo é olhar para alguns sinais positivos que essa Copa trouxe e não fazer terra arrasada em relação à identidade de nosso futebol.

Pelo contrário, a Seleção evoluiu em relação à Copa passada, e graças ao surgimento de talentos como Anthony, Rodrygo e Vini Jr, que são a tradução do que o futebol brasileiro tem de melhor. Sim, leitor (a), o Brasil deve levantar a cabeça e voltar ao trabalho, pois também nos cabe o porvir.

Escalações

Croácia

Livakovic; Juranovic, Lovren, Gvardiol e Sosa (Budimir); Brozovic (Orsic), Modric e Kovacic (Majer); Pasalic (Vlasic), Kramaric (Petkovic) e Perisic –4-4-2Técnico: Zlatko Dalic

Brasil

Alisson; Militão (Alex Sandro), Thiago Silva, Marquinhos e Danilo; Lucas Paquetá (Fred) e Casemiro; Raphinha (Antony), Neymar e Vinícius Jr (Rodrygo); Richarlison (Pedro) –4-4-2Técnico: Tite

Arbitragem

Árbitro: Michael Oliver (ING)
Auxiliar: Stuart Burt (ING)
Auxiliar: Gary Beswick (ING)
VAR: Pol van Boekel (HOL)

Cartões amarelos

Brasil: Danilo, Casemiro, Marquinhos

Croácia: Brozovic