Elissandro Callegaro Spohr, o Kiko, foi o primeiro réu a prestar depoimento no júri sobre o incêndio do Caso Kiss. Ele respondeu, por cerca de três horas, aos questionamentos do Juiz Orlando Faccini Neto, que preside o julgamento.
Em um momento em que lembrava da noite da tragédia, que ceifou a vida de 242 pessoas, a maioria jovens, Kiko desabou. “Perdi amigos, funcionários. Por que eu ia fazer isso? Querem me prender, me prendam. Eu não aguento mais!”, afirmou aos gritos no plenário. Os familiares ficaram de pé e deram as mãos em silêncio. Após, fizeram um círculo e se abraçaram. Foi neste momento que o Juiz Faccini, que preside o júri, fez um intervalo de 40 minutos.
Em seu depoimento, Elissandro disse que não autorizou a Banda Gurizada Fandangueira a utilizar artefatos pirotécnicos. “Não cheguei a ter essa conversa com eles. Eu acredito que eles realmente acreditavam que esse tareco [no sentido de negócio] não pegava fogo”.
Sobre a quantidade de pessoas que estavam na boate aquela noite, ressaltou que havia controle de público. E que, quando chegava em 800 pessoas dentro do estabelecimento, só entravam conforme outros saíam. “Isso eu te digo com certeza absoluta”, afirmou ao juiz.
Ele apenas respondeu aos questionamentos feitos pelo magistrado. Nenhuma das bancadas, nem mesmo a sua defesa, fez perguntas. O julgamento retornará amanhã (9/12), às 9 horas, com coleta de depoimentos de Luciano Bonilha Leão, Mauro Londero Hoffmann e Marcelo de Jesus dos Santos. Os depoimentos de testemunhas duraram oito dias. Foram 12 vítimas, 13 testemunhas e outros três informantes.
Após o interrogatório dos quatro acusados começarão os debates, ocasião em que acusação e defesas terão oportunidade de apresentar suas teses e argumentos aos jurados. O tempo total para essa fase do julgamento será de 9 horas, dividido em quatro fases.