A SSP-RS (Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul) organizou uma coletiva de imprensa, na manhã desta segunda-feira (29), para divulgar a causa da morte de Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos. O jovem havia desaparecido após uma abordagem por parte de três policiais militares em São Gabriel, na Fronteira Oeste, no dia 13 de agosto. O corpo de dele foi encontrado dentro de um açude na localidade de Lava Pés, distante cerca de seis quilômetros da sede do município.
A causa da morte, segundo o laudo de necropsia do IGP (Instituto-Geral de Perícias), foi por perda sanguínea de vasos na região cervical com sinais de ação de objeto contundente. Ou seja, Gabriel sofreu hemorragia interna após sofrer uma pancada na parte de trás do pescoço. Também foi detectada uma lesão na região da cabeça da vítima. Outro exame, divulgado na sexta-feira, havia confirmado que o corpo estava há pelo menos cinco dias no açude.
A perícia também apontou que o jovem não tinha água nos pulmões. Isso indica que a vítima já estava sem respirar quando foi deixado no açude. A Brigada Militar já havia confirmado que a viatura onde Gabriel foi levado fez uma parada de 1 minuto e 50 segundos perto do açude.
Participaram da coletiva o secretário de Segurança Pública, Vanius Cesar Santarosa; o comandante-geral da Brigada Militar, coronel Claudio dos Santos Feoli; o chefe da Polícia Civil, delegado Fábio Motta Lopes; e a diretora-geral do Instituto Geral de Perícias, Heloísa Helena Kuser.
Investigação apontava homicídio de Gabriel
O laudo do IGP corrobora com o que a Polícia Civil vinha apontando, que Gabriel teria sido alvo de agressões por parte dos policiais militares. A Polícia Civil, inclusive, havia solicitado a prisão dos dois soldados e do sargento envolvidos na ocorrência por homicídio doloso, quando há intenção ou ciência de atitude que pode levar a morte de uma pessoa.
Testemunhas haviam dito à Polícia Civil, em depoimento, que Gabriel foi agredido com cassetete na cabeça. E que, depois, foi colocado desmaiado dentro de uma viatura da Brigada Militar. O carro policial e outro veículo particular, que pertence a um dos investigados, foram recolhidos para a realização de perícia.
Além de homicídio doloso e falsidade ideológica, os policiais vão responder, em tese, por ocultação de cadáver. O inquérito da Polícia Civil deve ser concluído até quinta-feira (1º de setembro).
As defesas dos soldados Cleber Renato Ramos de Lima, Raul Veras Pedroso e do segundo sargento Arleu Júnior Cardoso Jacobsen negam que eles tenham agredido Gabriel. Dizem que ele foi deixado, a seu pedido, na localidade de Lava Pés. Afirmam que os agentes públicos são inocentes, que o jovem não foi agredido e que os PMs nada têm a ver com a morte de Gabriel, não sabendo como ele morreu.
Investigados podem ser expulsos da BM
Os dois soldados e o sargento que são investigados pela morte de Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, podem ser expulsos da Brigada Militar. A afirmação é do comandante-geral da Brigada Militar, coronel Claudio dos Santos Feoli. “Os resultados aqui apresentados nos motivam o encaminhamento, nas próximas horas, deste Inquérito Policial Militar para a Justiça Militar, que vai vislumbrar, em tese, o comentimento dos seguintes crimes: falsidade ideológica, com concurso de agentes; ocultação de cadáver e outras condutas transgressionais”, apontou o coronel Feoli.
“Não nos resta outra alternativa senão extirpá-los do nosso meio“, completou o comandante-geral.
Os três investigados estão presos preventivamente. Eles estão recolhidos no BPG (Batalhão de Polícia e Guarda), em Porto Alegre.
O IPM deve ser encaminhado na tarde desta segunda-feira (29) para a Justiça Militar do Estado do Rio Grande do Sul. Os policiais afastados prestaram depoimento ao inquérito militar no domingo e, novamente, negaram envolvimento nos fatos investigados. A mesma versão já havia sido dita à Polícia Civil no sábado, no âmbito da investigação criminal e que corre de forma separada.