De tijolo em tijolo, com o esforço conjunto de muitas pessoas, aos poucos foi se erguendo uma capela na área rural de Carlos Barbosa, na Serra gaúcha.
O calendário marcava o ano de 1908 quando o trabalho dos imigrantes italianos começou. Uns iam a cavalo buscar areia em uma cidade próxima, outros amassavam o barro com os pés para encaixar em formas de madeira.
Aos poucos, o prédio começou a tomar forma e, em 1916, finalmente foi inaugurada a Capela Santo Antônio de Castro que, mesmo com o passar das gerações, continua sendo um elo da comunidade.
Agora, esse símbolo do patrimônio histórico da imigração italiana no Rio Grande do Sul será restaurado, conservando as características originais e respeitando a história da comunidade. Entre os elementos a serem restaurados, estão as pinturas murais, os altares da igreja e os ladrilhos em formas geométricas instalados no piso do chão.
“A Igreja Velha já estava aqui em 1926 quando meu avô nasceu, e também estava em 1952 quando meu pai nasceu, em 1981 quando eu nasci, em 2011 e 2017 quando meus filhos nasceram. Só em nossa família, já transcende quatro gerações”, contou Ana Paula Andreola Buckel, representante da Associação L’amore di Colônia, que propôs o restauro.
Além da importância para a comunidade, a capela, tombada como patrimônio cultural do município em 2003, é um dos atrativos do roteiro turístico realizado pela associação na comunidade rural.
“Ao iniciarmos o trabalho com os grupos de visitantes, começamos a perceber ainda mais as belezas da Igreja. Eles nos questionavam a respeito das pinturas, dos pisos, dos móveis, dos tijolos e tantos outros detalhes que infelizmente não sabíamos”, disse.
Quem está à frente do projeto de restauro são as arquitetas e urbanistas Cristiane Rauber e Juliana Betemps. “É muito importante proporcionarmos aos nossos filhos e aos nossos netos a oportunidade de conhecer esse prédio, que é centenário, tal qual ele foi construído originalmente”, ressaltou Juliana.
Já Cristiane aponta para o trabalho coletivo realizado por poder público, sociedade civil e empresas.
“Felizmente estamos numa região que temos bastante patrimônio, mas é um trabalho de formiguinha que fazemos em conjunto com as comunidades e prefeituras. Trabalhamos conciliando o bem material com o bem imaterial, que consiste em toda a história e as memórias que vêm junto com a capela”.
Verba
Atualmente, 30% dos R$ 881.537,48 necessários para a realização da obra já estão captados via Lei de Incentivo à Cultura estadual, com aprovação do Conselho de Cultura do estado e financiamento de empresas privadas.
Para dar seguimento à obra, a comunidade busca captar o restante da verba também por meio de incentivo fiscal. A Escaiola Arquitetura realizará todos os trâmites burocráticos para a parceria ser concretizada com empresas interessadas, que terão garantido o abatimento de 100% do ICMS investido, com contrapartida de 5% ao Fundo de Apoio à Cultura do Rio Grande do Sul.
Os interessados podem entrar em contato através do email [email protected] ou telefone (54) 999727147.