A Americanas apresentou um pedido de recuperação judicial nesta quinta-feira (19). A empresa diz ter dívidas na ordem de R$ 43 bilhões. O prazo entre o pedido e a homologação para reprogramação do pagamento de dívidas é de até 60 dias.
A empresa afirma que “seguirá operando normalmente dentro das novas regras da recuperação judicial, cujo um dos objetivos principais é a própria manutenção de empregos, pagamento de impostos e a boa relação com seus fornecedores e credores e investidores de forma geral”.
O anúncio do pedido de recuperação judicial ocorre oito dias depois do ex-diretor-executivo, Sergio Rial, renunciar. Ele emitiu um comunicado ao mercado, por meio de fato relevante, informando que o balanço da Americanas apresentava “inconsistências contábeis”. A dívida foi estimada, a princípio, em R$ 20 bilhões. No entanto, ela evoluiu para R$ 40 bilhões na segunda-feira (16).
A Americanas afirma que tem R$ 800 milhões em caixa, valor muito menor que os R$ 8,6 bilhões reportados no terceiro trimestre de 2022. Pela manhã, a Americanas S.A. havia alertado, por meio de fato relevante, que avaliava entrar com pedido de recuperação judicial em caráter de urgência “nos próximos dias ou potencialmente nas próximas horas”.
A entrada com o pedido de recuperação judicial pela empresa de varejo era considerado certo, mas teve que ser antecipado. Bancos e outros credores estavam tentando realizar a execução das dívidas. Ontem, o Banco BTG havia conseguido um mandado de segurança para bloquear R$ 1,2 bilhão do grupo de varejo. Outro banco que tentou evitar um calote foi o Bradesco, que buscava reaver R$ 450 milhões.
Em seu site, a Americanas postou um comunicado, onde alega que “esgotadas as negociações com os credores, nos vimos obrigados a nos proteger com este pedido [de recuperação judicial] na Justiça”.
“A Americanas é uma varejista quase centenária, que […] emprega mais de 100 mil pessoas direta e indiretamente. […] Somos milhares de funcionários e continuamos trabalhando com dedicação […]. Seguiremos juntos para que a Americanas continue ativa e relevante no dia a dia de nosso país”, completa a nota. Leia a íntegra abaixo:
Nota da Americanas sobre o pedido de recuperação judicial
Queridos clientes:
Os últimos dias não foram fáceis e hoje tivemos que entrar com pedido de recuperação judicial. Desde que descobrimos inconsistências contábeis em nossos balanços, agimos com serenidade e transparência para comunicar o fato e seguimos com o objetivo de negociar com nossos credores para encontrar uma solução rápida e funcional para todas as partes. Isso não foi possível. Esgotadas as negociações com os credores, nos vimos obrigados a nos proteger com este pedido na Justiça.
Sabemos que surgirão dúvidas sobre o nosso futuro. Por isso, é importante lembrar que a recuperação é apenas um recurso judicial utilizado para proteger nosso caixa para que possamos continuar em operação em nossas lojas, sites e app enquanto, em paralelo, seguimos em novas negociações com tais credores.
A Americanas é uma varejista quase centenária, que presta um serviço amplo à população, emprega mais de 100 mil pessoas direta e indiretamente, e tem um compromisso social forte de levar produtos acessíveis aos seus 53 milhões de clientes.
Somos milhares de funcionários e continuamos trabalhando com dedicação para atender você com a melhor experiência e manter essa companhia de pé. Seguiremos juntos para que a Americanas continue ativa e relevante no dia a dia de nosso país.