Estão presos os dois policiais militares suspeitos de terem ateado fogo em um homem em Cachoeirinha, na região metropolitana. A vítima, Juliano Maximiliano Fialho, 37 anos, morreu no começo de fevereiro, após ter ficado sete dias internado no HPS (Hospital de Pronto-Socorro), em Porto Alegre.
O crime aconteceu no começo da noite de 3 de fevereiro, no bairro Anair. De acordo com a investigação, quatro PMs estiveram na residência de Juliano, mas apenas dois teriam entrado no local e tiveram contato com ele. Instantes depois, a vítima saiu pegando fogo e pedindo por socorro.
A suspeita é de que teria sido utilizado perfume para causar as queimaduras em Juliano. Testemunhas que prestaram socorro ao homem relataram terem sentido um forte cheiro de perfume nele, levando a crer que a queimadura tenha ocorrido da combustão do produto inflamável.
A vítima foi conduzida por populares até a UPA em grave estado de saúde e morreu 7 dias depois, no HPS de Porto Alegre. Familiares relataram que ele já teria sofrido ameaças de morte anteriormente por policiais.
A prisão dos brigadianos Luís Paulo Bosi da Silva e de Higor Ferreira Araújo foi decretada no sábado (25). A decisão é da juíza de Direito Camila Oliveira Maciel Martins. Um dos investigados já estava preso temporariamente e o outro estava solto, e se apresentou à polícia na segunda-feira (27). Outros dois policiais são investigados, mas seguem em liberdade.
Na decisão, a magistrada, que também atua no caso junto a 1ª Vara Criminal de Cachoeirinha, explicou que a decisão é embasada na prova da materialidade delitiva e nos indícios suficientes de autoria do crime de homicídio qualificado. A juíza aponta há risco concreto à ordem pública, à investigação e a instrução criminal, “tendo em vista que os policiais envolvidos têm pleno conhecimento dos moradores da região em que ocorreram os fatos”.
A Juíza destacou que a Brigada Militar é uma instituição de respeitabilidade, com atuação relevantíssima para a sociedade, “e situações deste jaez são isoladas e não refletem a honradez dos seus integrantes”.
“Com efeito, a Polícia Militar, um dos órgãos responsáveis pela segurança pública, nos termos do previsto no artigo 144, inciso V, da Constituição Federal, não pode ter agentes envolvidos em fatos desta natureza, sob pena de inversão de papéis e intensificação da sensação de impunidade, arriscando-se a perda da confiança da população e autorização para que se faça justiça privada”, considerou Camila Martins.
As defesas dos policiais não se manifestaram até o momento sobre as prisões. A investigação sobre a morte de Juliano Maximiliano Fialho é realizada pela 2ª DP (Delegacia de Polícia) de Cachoeirinha).