O Ministério Público do Rio Grande do Sul denunciou, na tarde desta quarta-feira (24), oito pessoas por organização criminosa e adulteração de produto alimentício destinado a consumo, tornando-o nocivo à saúde, e outras duas por crime contra as relações de consumo.
Elas estão envolvidas no esquema deflagrado na semana passada, em Caxias do Sul, na Serra, sobre suspeita de abate de cavalos clandestinamente.
Função dos denunciados
O Ministério Público divulgou a função de cada denunciado. De acordo com o Ministério Público, o primeiro denunciado era responsável pela compra e abate irregular de cavalos, pelo descarte e desossa das carcaças.
O segundo (pai do primeiro) era dono da chácara onde ocorria o abate e auxiliava na desossa. Nesta chácara, também foram apreendidos 280kg de produtos lácteos vencidos, que eram vendidos aos consumidores em geral.
A terceira pessoa denunciada é também da família dos primeiros. Ela auxiliava na comercialização dos lácteos, em sua casa eram estacionados os caminhões utilizados pela organização criminosa para transportar cavalos.
Ela também emprestava seu aparelho de telefone para ser utilizado nas negociações, intermediando a comunicação com os fornecedores de cavalos via WhatsApp. Além disso, avisava sobre qualquer movimentação estranha na cidade (polícia/blitz).
O quarto denunciado era o idealizador da organização criminosa e, além de ajudar na desossa das carcaças na chácara, procedia, em sua própria casa, à moagem de carnes, mantendo também, em refrigeradores e freezers, carnes corrompidas para a venda. Ele ainda vendia as carnes de cavalo.
A quinta pessoa era esposa do quarto e recebia, diariamente, por telefone, informações sobre a quantidade de carne e de guisado que deveriam ser produzidos para atender à demanda do comércio clandestino, repassando-as aos que efetuavam a compra e abatiam os cavalos. Ela também recebia o dinheiro da venda dos produtos alimentícios e os repassava ao marido.
O sexto denunciado era o principal comprador de carnes de cavalo já desossadas. Mantinha constante contato pessoal e telefônico com os demais investigados para tratar sobre quantidades a serem produzidas, de acordo com a demanda apresentada por clientes de restaurantes e de lancherias de Caxias do Sul, e, principalmente, de seu parceiro de organização criminosa, proprietário de uma hamburgueria clandestina.
Este vendia a carne de cavalo já desossada e em retalhos, ciente de que era proveniente do abate irregular de equinos. “Estes seis primeiros são os que foram presos durante a operação Hipo”, destaca o promotor de Justiça Alcindo Bastos da Silva Filho.
Os demais denunciados são o responsável pela confecção, em uma hamburgueria clandestina, dos hambúrgueres e bifes produzidos com as carnes irregularmente abatidas e que são vendidos aos restaurantes de Caxias do Sul, seu funcionário na hamburgueria e os dois proprietários da Mírus Hambúrguer Ltda. ME e Natural Burguer.
O promotor afirmou que os demais estabelecimentos de Caxias do Sul suspeitos de terem comercializado as carnes de cavalo seguirão sendo investigados pelo Ministério Público.