
A Comissão da Verdade e da Memória da UFRGS Enrique Serra Padrós realiza no dia 28 de novembro, sexta-feira, a sua primeira audiência pública. O evento ocorre às 9h, na Sala II do Salão de Atos do campus central da universidade, em Porto Alegre.
A audiência faz parte dos trabalhos de apuração sobre as perseguições e a repressão ocorridas no ambiente universitário durante a ditadura vivida pelo Brasil com o golpe militar em 1964.
“A primeira audiência pública marca um passo decisivo no compromisso da UFRGS com a preservação da verdade histórica e com o fortalecimento da democracia. Ao abrirmos este espaço de escuta, reconhecemos a centralidade das narrativas daqueles que viveram as violações e reafirmamos o dever institucional de trazer essas histórias à luz, com rigor, respeito e responsabilidade pública”, diz Roberta Baggio, presidenta da Comissão.
Ex-estudantes presentes na ocasião
Dilza de Santi
Participou de Grêmio Estudantil durante seu período como secundarista em Uruguaiana. Em 1966, ingressou no curso de Filosofia da UFRGS e foi vice-presidente do DCE (Diretório Central dos Estudantes) entre 1967 e 1968. Na ocasião, quando recebeu punição e teve que se retirar da Universidade. Na mesma ocasião, teve que deixar o Rio Grande do Sul devido à repressão e perseguição política. Viveu clandestinamente em São Paulo, onde foi presa pela OBAN. Concluiu seu curso de Filosofia na USP.
João Ernesto Maraschin
Ingressou nos cursos de Direito e de Sociologia em 1968, tendo participado ativamente do movimento estudantil e das lutas por mais vagas, mais verbas para a educação e contra os acordos MEC/USAID. Foi vice-presidente do Centro Acadêmico Franklin Delano Roosevelt, assumindo a presidência em 1970. Em 1971, foi eleito presidente do DCE e no ano seguinte, expulso com base no Decreto 477. Passou pela experiência da clandestinidade e do exílio.
Henrique Finco
Foi estudante de Engenharia da UFRGS em 1974, participou da representação discente na universidade e foi morador da CEU. Atuou no movimento estudantil da UFRGS em episódios como as eleições diretas para o DCE em 1975, o III Encontro Nacional de Estudantes de Belo Horizonte em 1977 e a resistência na Praça Argentina em 1980 contra a visita do ditador Jorge Videla, dentre outros episódios. Em 1985, formou-se em Jornalismo na UFRGS. Foi cofundador do Curso de Cinema da UFSC, onde atualmente é professor titular.
Comissão da Memória e da Verdade “Enrique Serra Padrós
A Comissão da Memória e da Verdade “Enrique Serra Padrós” busca coletar e disponibilizar os registros sobre as violações de direitos humanos que aconteceram na UFRGS entre 1964 e 1988, período marcado pelo regime autoritário instaurado no Brasil, entre 1964 e 1985.
No período entre 1964 e 1969, a UFRGS teve dois processos de expurgo, nos quais foram expulsos inúmeros docentes, estudantes e técnicos, além da aposentadoria compulsória de vários profissionais. O trabalho envolverá um canal de escuta, arrecadação de documentos da época, testemunhos, entre outros.
O nome da Comissão é uma homenagem ao professor Enrique Serra Padrós, que atuou no Departamento de História do IFCH (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas) da UFRGS. Padrós, que morreu em 2021, dedicou sua trajetória acadêmica à pesquisa sobre regimes autoritários na América Latina.
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