INVESTIGAÇÃO

PF indicia Bolsonaro e Eduardo por suspeita de obstruir julgamento e faz buscas contra Silas Malafaia

Ex-presidente e deputado são acusados de tentar interferir na ação penal do 8 de janeiro

Fachada do Prédio da Polícia Federal em Brasília. Crédito: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
Fachada do Prédio da Polícia Federal em Brasília. Crédito: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

A PF (Polícia Federal) indiciou nesta quarta-feira (20) o ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por coação no curso do processo que investiga a tentativa de golpe de Estado. O inquérito apura a trama golpista relacionada aos ataques de 8 de janeiro de 2023.

Conforme relatório criado pela PF, Bolsonaro e o filho teriam atuado para intimidar autoridades e interferir na ação penal em curso no STF (Supremo Tribunal Federal). A apuração teve como base mensagens extraídas de um celular apreendido com o ex-presidente.

Disparo coordenado de mensagens

O documento da PF detalha uma troca de mensagens com o pastor Silas Malafaia, nas quais Bolsonaro é orientado a disparar vídeos nas redes sociais. Em um trecho de 25 de julho de 2025, Malafaia envia:

“ATENÇÃO! Dispara esse vídeo às 12h”
“Se você se sente participante desse vídeo, compartilhe. Não podemos nos calar!”

A PF considera que o conteúdo configura afronta à medida cautelar imposta pelo STF.

Eduardo Bolsonaro, de acordo com o relatório, publicou conteúdos em inglês nas redes sociais, com a intenção de atingir o público internacional e influenciar autoridades estrangeiras. A investigação aponta tentativa de coação e de interferência na Ação Penal 2668/DF, na qual o pai é réu.

Malafaia é alvo de busca

O pastor Silas Malafaia, que retornou de Lisboa nesta quarta, foi alvo de mandado de busca pessoal e prestou depoimento à PF no aeroporto do Galeão (RJ). Foram apreendidos celular e materiais de interesse da investigação.

A PF revelou ainda a recuperação de áudios e mensagens deletadas entre Bolsonaro, Eduardo e Malafaia. Segundo os investigadores, o conteúdo reforça a tentativa de intimidação de autoridades e articulações paralelas para comprometer os inquéritos.

Também foram localizadas mensagens sobre um possível pedido de asilo político ao presidente argentino Javier Milei, cogitado por Bolsonaro em conversas com aliados.

Histórico do inquérito

O inquérito foi instaurado em maio a pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República), após denúncias de que Eduardo Bolsonaro teria atuado junto ao governo dos Estados Unidos para obter sanções contra ministros do STF.

Jair Bolsonaro cumpre atualmente prisão domiciliar, determinada após descumprimento de ordens judiciais. O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, prorrogou as investigações por mais 60 dias no início de julho.

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