
O candidato ultraconservador José Antonio Kast confirmou seu favoritismo neste domingo (14) e foi eleito presidente do Chile no segundo turno das eleições.
A candidata de esquerda, Jeannette Jara, reconheceu a derrota e afirmou que o resultado expressa a vontade popular.
“A democracia se expressou claramente e com força. Acabei de falar com o presidente eleito José Antonio Kast para desejar-lhe sucesso para o bem do Chile”, declarou Jara, admitindo a derrota.
De acordo com dados divulgados pelo Serviço Eleitoral Oficial (Servel), com 83% das urnas apuradas, Kast lidera com 58,61% dos votos, quase 20 pontos percentuais à frente de Jara, que tem 41,39%.
As sondagens eleitorais já indicavam uma vantagem expressiva do candidato conservador, consolidada após ele atrair o apoio dos eleitores dos demais nomes da direita que haviam sido derrotados no primeiro turno.
Ao final de uma longa campanha eleitoral focada em segurança e migração, uma drástica guinada à direita se materializou, levando o Chile a um patamar sem precedentes desde o retorno da democracia em 1990.
Kast chega à presidência aos 59 anos e em sua terceira tentativa de se eleger no Palácio de La Moneda. Os eleitores chilenos, preocupados com a crescente presença de gangues venezuelanas e o aumento constante da taxa de homicídios, recompensaram amplamente sua postura linha-dura contra o crime e a imigração ilegal.
No último debate televisivo, o líder republicano prometeu fechar as fronteiras e deu aos imigrantes ilegais 92 dias para deixarem o país — o prazo exato entre o segundo turno das eleições e sua posse, em 11 de março. Suas palavras desencadearam imediatamente uma crise na fronteira norte com o Peru, onde centenas de migrantes, em sua maioria venezuelanos, buscaram refúgio no país vizinho.
A “psicose” de segurança — o Chile ainda figura entre os países mais seguros da América Latina — também impactou a campanha da candidata de esquerda.
Na tentativa de diminuir a diferença nas pesquisas, Jara foi forçada nas últimas semanas a endurecer seu discurso sobre o combate ao crime, deixando de lado, em parte, as promessas de acelerar o crescimento econômico e reduzir a desigualdade.
Após votar, Kast assegurou hoje que, se vencesse, seria “o presidente de todos os chilenos, independentemente das diferenças políticas”, enquanto Jara, em um último esforço para recuperar votos, distanciou-se do presidente cessante e de seu aliado, Gabriel Boric.
Apenas seis anos após os protestos sociais de 2019 que impulsionaram Boric à presidência, e 35 anos após o fim da ditadura, o Chile vê agora o retorno de um dos mais ferrenhos defensores do governo militar.
Kast é, de fato, o primeiro presidente democrático a votar a favor de Pinochet no histórico plebiscito de 1988, que impediu o ditador chileno de perpetuar seu domínio sobre o poder.
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