CASO DE 2022

Policiais acusados por morte de Gabriel Cavalheiro serão julgados pelo Tribunal do Júri

Justiça pronunciou os três PMs por homicídio qualificado com motivo fútil e dificultando defesa da vítima

Foto: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal

A Justiça do Rio Grande do Sul determinou que os três policiais militares acusados de envolvimento na morte de Gabriel Marques Cavalheiro, de 18 anos, irão a júri popular. A decisão é da juíza Liz Grachten, da Vara Criminal de São Gabriel, e foi proferida na quinta-feira (10).

Os réus respondem por homicídio qualificado por motivo fútil e com recurso que dificultou a defesa da vítima. Os três seguem presos preventivamente desde 23 de agosto de 2022.

Na decisão de pronúncia, a magistrada destacou que a materialidade do crime está confirmada por laudos periciais, incluindo o exame necroscópico e a análise do local onde o corpo foi encontrado. Também foram consideradas a ocorrência policial, mapa anatômico da vítima e depoimentos reunidos durante a investigação.

A juíza afirmou haver indícios de que um dos PMs tenha desferido golpes contra Gabriel, enquanto os outros dois – incluindo o superior da guarnição – teriam consentido e apoiado a agressão, inclusive com respaldo moral durante toda a ação.

Relembre o caso

Gabriel Marques Cavalheiro era natural de Guaíba e havia se deslocado até São Gabriel, na Fronteira Oeste, para iniciar o serviço militar obrigatório. Ele desapareceu no dia 12 de agosto de 2022 após uma abordagem por policiais militares durante um atendimento a ocorrência de perturbação da tranquilidade.

Conforme a denúncia do Ministério Público, o jovem foi colocado no porta-malas de uma viatura da Brigada Militar. Depois, não foi mais visto.

Seu corpo foi encontrado uma semana depois, submerso em uma barragem próxima ao local onde os PMs disseram tê-lo deixado. A perícia concluiu que Gabriel morreu em decorrência de uma hemorragia interna causada por trauma na região cervical, e não havia sinais de afogamento.

Na Justiça Militar, um dos envolvidos foi condenado por falsidade ideológica em julho de 2023. Os outros dois foram absolvidos. Todos foram absolvidos também da acusação de ocultação de cadáver.

Agora, os três policiais serão julgados pelo Tribunal do Júri. A data do julgamento ainda não foi definida.