A Polícia Civil do Rio Grande do Sul deflagrou, nesta segunda-feira (11), a Operação Closer. Os investigados estão envolvidos no chamado “golpe do motel”, quando as vítimas são extorquidas por um suposto caso extraconjugal.
Conforme a Polícia Civil, duas pessoas estão presas, com mandados cumpridos nas cidades de São Leopoldo e Novo Hamburgo. O objetivo da ação é desarticular a quadrilha que atua entre Porto Alegre, região metropolitana e Serra gaúcha. Ao menos 20 pessoas estão identificadas como vítimas do golpe do motel.
A investigação teve início em fevereiro de 2024, quando uma das vítimas do golpe procurou uma Delegacia de Polícia. Ela relatou que estava sendo ameaçada por criminosos que teriam informações sobre um possível caso extraconjugal com uma garota de programa.
Nas mensagens, os criminosos mostravam que sabiam detalhes da vida da vítima e também de sua rotina. Durante a troca de mensagens, os indivíduos encaminharam fotos e vídeos da vítima saindo, acompanhado, de um motel localizado na região metropolitana.
Os criminosos exigiam a quantia de oito mil reais para não expor a situação perante os seus familiares, especialmente, perante seu cônjuge.
A técnica parece com outro bastante conhecido, o “golpe dos nudes”, onde o medo da exposição levava as vítimas a pagarem grandes quantias aos criminosos.
Extorsão com uso da tecnologia
Conforme a delegada Luciane Bertoletti, da 3ª Delegacia de Polícia de Canoas, a investigação deixou claro como os criminosos agiam. Eles escolhiam as vítimas que frenquentavam motéis com estadias caras, que usavam determinados modelos de veículos e que iam ao motel no horário da tarde, principalmente.
A partir daí, os golpistas realizavam monitoramentos em frente ao estabelecimento, estacionando um carro e ficando de tocaia à espera das vítimas. Eles faziam registro fotográfico e gravação de vídeo do momento da entrada ou da saída das vítimas do local.
Com a placa do veículo, os investigados aplicavam técnicas de engenharia social para localizar o nome e o telefone da vítima e, então, começavam a extorqui-la. E, através de pesquisas em fontes abertas, como redes sociais, buscavam o máximo de informações possíveis acerca de cada alvo e de sua família, a fim de garantir o sucesso da ação criminosa.
Falsos detetives para aplicar o golpe do motel
Os criminosos também se assavam por detetives particulares. Eles diziam que o parceiro da vítima tinha contratado o “monitoramento” para descobrir eventuais traições e, assim, começavam a extorquir o alvo do golpe.
Uma das narrativas é que as “idas aos motéis poderiam ser escondidas dos companheiros”, caso a vítima se submetesse a pagar valores aos bandidos.
Vítimas devem registrar casos; polícia garante sigilo
A delegada Bertoletti e o delegado Cristiano Reschke, Diretor da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana, alertam que as vítimas do “golpe do motel” precisam procurar uma Delegacia de Polícia. Eles também orientam que não ocorram os pagamentos exigidos, pois isso cria brecha para novos ciclos infinitos de ameaças por parte dos criminosos.
O Reschke destaca que as extorsões trazem um tormento psicológico imenso às vítimas. Pois elas temem que sua vida privada seja devassada e exposta a familiares, amigos e sociedade.
O delegado reforça que esses casos têm prioridade na delegacia. A Polícia Civil trabalha para que cessem o mais rápido possível as ameaças. E que, da mesma forma, ocorra a responsabilização dos criminosos, que se valem justamente da vida privada e intimidade das vítimas para criar um sistema estruturado de ameaças e extorsões.