OPERAÇÃO FALLACIA

Polícia age contra quadrilha responsável por "golpe dos nudes"

Investigação contra quadrilha sediada no RS começou após morte de vítima do "golpe dos nudes" em Goiás.

Na "Operação Fallacia", estão sendo cumpridos 24 mandados judiciais
Na "Operação Fallacia", estão sendo cumpridos 24 mandados judiciais. Crédito: Polícia Civil / Divulgação

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul deflagrou, nesta segunda-feira (25), uma nova operação contra um braço de um facção criminosa. O grupo é responsável pela prática do “golpe dos nudes”, onde homens são vítimas de ameaças e extorsões após serem abordados, em redes sociais, por perfis de supostas mulheres.

Na “Operação Fallacia”, estão sendo cumpridos 24 mandados judiciais em Sapucaia do Sul, na região metropolitana; Montenegro, no Vale do Caí e Santa Vitória do Palmar, no Extremo Sul do RS. Dentre as ordens judiciais, estão 9 mandados de busca e apreensão, 9 medidas cautelares diversas da prisão e uma de bloqueio de valores em desfavor de indivíduos investigados por integrar o grupo criminoso investigado.

Na ação de hoje, foram bloqueados valores em contas de todos os suspeitos e apreendidos, além de aparelhos eletrônicos que possam comprovar a participação dos indivíduos em atividades criminosas, bens e valores de origem ilícita.

Como funciona o “golpe dos nudes”

Antes de prosseguir, é importante compreender como funciona o “golpe dos nudes”. O roteiro é quase sempre o mesmo: o perfil de uma mulher envia uma solicitação de amizade em uma rede social. Em seguida, a vítima e o golpista (que utiliza o perfil feminino) começam a trocar mensagens e, após algum tempo, a conversa adquire conotação sexual, com a troca de fotos íntimas.

Pouco tempo depois, um perfil masculino aciona a vítima, alegando ser pai da moça e afirmando que ela é menor de idade. A partir deste ponto, a vítima se torna refém de uma série de ameaças. Primeiramente, o suposto pai vai fazer uma denúncia na polícia. Após isso, entra em cena o falso delegado, exigindo dinheiro para evitar a expedição de um “mandado de prisão”. Mesmo que a vítima tenha pago qualquer valor, os criminosos seguem exigindo mais dinheiro. A quadrilha segue ameaçando que vão contar o caso para a família dele, ou prendê-lo.

Investigação teve início em 2023

No entanto, a investigação que resultou na ação de hoje começou em maio de 2023. A Polícia Civil do Estado de Goiás investigava a morte de um homem, natural do RS, por suicídio no município de Caiapônia, interior de Goías.

Ele tirou a vida após ser alvo de extorsões ameaças de indivíduos que se passavam por delegados. Mesmo pagando mais de R$ 50 mil, a vítima não conseguiu se livrar dos golpistas e acabou interrompendo sua vida.

As investigações que se seguiram apontaram a participação, direta ou indireta, de nove indivíduos nas extorsões. A quebra do sigilo em aparelhos telefônicos desvelou a teia de ameaças sem fim à vítima e sua família.

Ainda conforme as investigações, o grupo movimentou pelo menos 200 mil reais. A polícia gaúcha acredita que o valor tenha sido recebido através do “golpe dos nudes” e envolvendo vítimas em todo o país.

Um dos investigados, que tem ligações com uma facção que opera no Vale do Sinos, teria recebido a maior parte dos valores. No período, ele estava foragido do sistema prisional gaúcho. O criminoso teria, de acordo com a polícia, usado contas bancárias de outras pessoas integrantes da quadrilha. O objetivo era desviar a origem real do dinheiro e sua participação no crime.