OPERAÇÃO SÍSIFO

Polícia Civil prende 15 em operação contra grupo de agiotagem e tortura no RS

Operação Sísifo cumpre ordens judiciais em oito cidades gaúchas e mira organização que movimentou R$ 40 milhões

Crédito: DCS/PCRS
Crédito: DCS/PCRS

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul prendeu 15 criminosos nesta quarta-feira (9). As prisões ocorreram uma ação contra um grupo investigado por crimes de agiotagem, extorsão, tortura e lavagem de dinheiro.

A Operação Sísifo mobilizou 250 policiais para cumprir 54 mandados de busca e 18 de prisão preventiva em oito municípios gaúchos. Os mandados foram executados em Porto Alegre, Alvorada, Gravataí, Tramandaí, Viamão, Cachoeirinha, Canoas e Guaíba.

Ao todo, os agentes utilizaram 65 viaturas durante a ofensiva.

Furto deu origem à investigação

A investigação começou após um furto a uma agência bancária em janeiro de 2023. Na ocasião, criminosos roubaram mais de R$ 500 mil. Durante as diligências, os investigadores descobriram a existência de uma organização criminosa estruturada, que aplicava golpes em pessoas endividadas e usava da violência para obter pagamentos.

De acordo com a Polícia Civil, os integrantes do grupo procuravam devedores por meio de anúncios em aplicativos de mensagens. Eles ofereciam até mesmo recompensas para quem informasse o paradeiro dessas pessoas. Quando localizavam as vítimas, usavam agressões físicas e psicológicas para exigir os valores, o que caracteriza o crime de tortura.

Os criminosos filmavam as ações e usavam os vídeos para coagir outros inadimplentes. O material também ajudava a espalhar o medo, conforme aponta a investigação.

Lavagem de dinheiro e movimentação milionária

As apurações apontam que a organização movimentou mais de R$ 40 milhões nos últimos anos. O valor circulava por diversas contas bancárias e era reinserido na economia formal por meio de empresas em nome de terceiros, imóveis e veículos.

Durante a operação desta quarta-feira, os policiais apreenderam cerca de R$ 170 mil em espécie, veículos, quatro embarcações e 10 imóveis, usados pelo grupo. Também houve o bloqueio de 41 contas bancárias e o sequestro de 96 bens móveis e 22 imóveis, conforme a polícia.

Um dos métodos de lavagem de dinheiro utilizados era a utilização de uma produtora de eventos. A empresa, no entanto, funcionava como fachada, dando aparência legal ao lucro obtido com as atividades criminosas.

Operação desarticula núcleo financeiro do grupo

O delegado João Paulo de Abreu, titular da 1ª Delegacia de Repressão a Roubos do DEIC (Departamento Estadual de Investigações Criminais), explicou que o crime de agiotagem era usado como base para ampliar os lucros do grupo. De acordo com ele, os recursos obtidos financiavam outras atividades criminosas, retroalimentando a estrutura da quadrilha.

“Essa operação teve papel central para desmontar a cadeia financeira da organização criminosa. É uma ação complexa, mas fundamental para enfraquecer o poder de atuação do grupo e garantir justiça às vítimas”, afirmou o delegado.

A Polícia Civil continuará as investigações para identificar outros envolvidos e aprofundar a análise patrimonial dos investigados.