A mulher que foi baleada dentro de um motel da zona norte de Porto Alegre admitiu que os tiros que sofreu foram intencionais. Ela mudou a sua versão para os fatos ao ser novamente ouvida pela Polícia Civil na noite de domingo (7). O caso ocorreu na madrugada de sábado (6).
Em um primeiro momento, ela havia relatado aos policiais que os tiros haviam ocorrido por acidente. No entanto, admitiu que mentiu no depoimento por estar com medo. Ela também relatou que teria sido ameaçada pelo companheiro, que foi preso pelo crime de lesão corporal.
Conforme o delegado Rodrigo Reis, o casal já tinha relacionamento de algum tempo, sem entrar em detalhes para evitar a identificação da vítima. Ambos moram no Litoral Norte e teriam vindo até a Capital para participar de uma festa em casa noturna.
De acordo com o depoimento da vítima, ele teria brigado com ela em uma primeira festa. Depois, foram a um segundo evento, onde ela foi também ameaçada. Mais tarde, ele ainda ordenou que ela fosse até um posto de combustíveis para comprar bebida para ele.
Na sequência, conforme relato da mulher, ambos teriam concordado em parar e dormir em um motel. No entanto, no caminho, o agressor, de dentro do carro, fez um disparo para o alto e outro na direção da vítima, que tem 26 anos.
Após chegarem no motel, na rua dona Alzira, no bairro Sarandi, ele atirou pela terceira vez. A bala atingiu a jovem na virilha e saiu pela nádega. O próprio agressor levou a vítima até uma Unidade de Pronto Atendimento. Mas como o caso era grave, ela foi transferida para o HPS (Hospital de Pronto Socorro) de Porto Alegre, no bairro Santana. Ela continua internada no hospital, com estado de saúde estável.
Primeiro depoimento
Logo após chegarem ao hospital tanto a vítima quanto o homem foram perguntados de como a mulher havia sido baleada. Em um primeiro momento, o casal disse que havia sofrido uma tentativa de assalto. Depois, a mulher mudou a versão e contou parte da história, a que foi relatada ontem pelo Plantão RS.
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Na segunda versão, dada ainda no sábado, ela disse que os tiros teriam sido acidentais. No entanto, foi o suficiente para o companheiro dela ser preso em flagrante.
O homem, que tem 40 anos, foi autuado inicialmente por lesão corporal com dolo eventual, porte ilegal de arma de fogo e receptação de arma furtada. Ele foi encaminhado ao Presídio Central. O revólver calibre 32 usado no crime foi apreendido pela polícia.
Mudança na versão
Na noite de domingo, no entanto, o caso sofreu mais um desdobramento. A vítima prestou novo depoimento à Polícia Civil, desmentindo o que havia falado no sábado. Ela admitiu que conversou com um irmão, que a convenceu a falar a verdade para a polícia.
No novo depoimento, ela disse que se sentiu com medo de ser morta. E que teria sido ameaçada pelo companheiro. O relato dela bate com as provas coletadas no motel e no carro onde o agressor e a vítima estavam.
Diante das novas revelações, o caso mudará de investigador. Por se tratar de tentativa de femincídio, a apuração será encaminhada para a DEAM (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher).
O acusado deve ser indiciado também pelo porte ilegal da arma e da receptação do armamento, que era furtado. Ele já tem um antecedente criminal por lesão corporal, cometida em 2008. No entanto, a vítima não havia registrado ocorrência contra o agressor.
