OPERAÇÃO RIFA$

MP denuncia Nego Di e companheira por 4 crimes envolvendo rifas virtuais

O Gaeco apurou que Nego Di e companheira receberam cerca de R$ 2,5 milhões em rifas. Valores eram usados para compra de itens de luxo, diz MP.

Operação Rifa$, deflagrada em 12 de julho, pelo MP-RS. Crédito: MP-RS/Divulgação
Operação Rifa$, deflagrada em 12 de julho. Crédito: MP-RS/Divulgação

O MP-RS (Ministério Público do RS) remeteu denúncia à Justiça contra um casal de “influenciadores digitais”. Os alvos são Dilson Alves da Silva Neto, conhecido como Nego Di, e a companheira dele, Gabriela Souza. O casal foi alvo de operação da instituição no dia 12 de julho deste ano em Santa Catarina.

Ele está preso por envolvimento em outro caso de estelionato, o da loja virtual “Tadizuera”. Ela responde ao processo em liberdade.

Conforme o promotor de Justiça Flávio Duarte, a apreensão de materiais “deu a dimensão exata das infrações penais praticadas e dos valores obtidos pelo casal”. Entre os materiais apreendidos na “Operação Rifa$” estão documentos, mídias sociais, celulares, entre outros.

Diante dos indícios, o promotor ofereceu denúncia pelos crimes de estelionato, lavagem de dinheiro e uso de documento falso, além da contravenção penal de promoção de loteria na modalidade de rifas digitais. Agora, cabe à Justiça receber ou rejeitar a denúncia.

Promoção de loteria ilegal

A denúncia do promotor Flávio Duarte aponta que Nego Di usou as redes sociais, para promover “loterias em forma de rifas digitais”. O documento afirma que a contravenção penal ocorreu “de forma continuada e sem autorização legal” entre novembro de 2022 e maio de 2024.

O Gaeco apurou que o influenciador obteve, em razão das rifas ilícitas, em torno de R$ 2,5 milhões, referentes a mais de 300 mil transferências bancárias.

Cabe explicar que a realização de rifa digital precisa de autorização do Ministério da Economia. A medida é, justamente, para proteger o participante de cair em golpe, pois o governo regulamenta, fiscaliza e controla o sorteio. Além disso, o organizador precisa ser uma empresa – ou seja, ter um CNPJ – e usar o valor arrecadado em objetivos institucionais. O prêmio final precisa ser entregue na modalidade de doação.

Denúncia por estelionato

A denúncia de estelionato aponta que a partir de dezembro de 2023, houve promoção de uma rifa eletrônica de uma Porsche Macan e R$ 150 mil em dinheiro. O Gaeco é taxativo ao afirmar que a ação ocorria “de forma fraudulenta”. A denúncia aponta que a atitude do influenciador digital usava de “subterfúgios para induzir em erro as vítimas”.

“De forma deliberada, antes de concluir a ação, transferiu o veículo que seria o prêmio principal para terceiros, adquiriu o próprio número sorteado e ainda, para garantir a impunidade, publicou um vídeo em que anunciou, de forma dissimulada, um vencedor fictício para a rifa”, conclui o MP.

Lavagem de dinheiro

Nego Di e a companheira, Gabriela Souza, são alvos de uma ação por lavagem de dinheiro. Conforme o MP, os dois agiram de forma reiterada para dissmular a origem de R$ 2,5 milhões. Os valores são os obtidos por meio das rifas.

O MP aponta que, em um primeiro momento, o destino do dinheiro eram as contas de terceiros. Posteriormente, o casal passou a adquirir veículos de luxo, imóveis na Capital, na Serra e no Litoral gaúcho, além de realizar gastos ordinários.

Uso de documento falso

Por fim, o último fato atribuído ao influenciador investigado é o uso de documento falso. Em maio deste ano, Nego Di postou um comprovante de transferência, na modalidade PIX, no valor de R$ 1 milhão.

O valor era uma suposta doação para campanha solidária para ajudar as vítimas da enchente que assolava o Rio Grande do Sul. Mas o MP aponta que, na realidade, a doação foi de apenas R$ 100.