OPERAÇÃO CARRASCO

Ex-secretária de Canoas é indiciada por maus-tratos e mortes irregulares de animais

Paula Lopes é apontada pela Polícia Civil como responsável por quase 500 mortes de cães e gatos durante sua gestão na Secretaria de Bem-Estar Animal

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul indiciou a ex-secretária de Bem-Estar Animal de Canoas, Paula Lopes, pelos crimes de maus-tratos a animais, falsidade ideológica e associação criminosa. A investigação aponta que, entre janeiro e agosto de 2025, ela teria autorizado quase 500 eutanásias de cães e gatos, muitas delas consideradas irregulares.

O inquérito ouviu 30 testemunhas e também resultou no indiciamento de outras duas pessoas: Tainara Harth, veterinária da secretaria, e Marcelo Vieira, companheiro de Paula e apontado como seu auxiliar direto. Uma quarta investigada foi ouvida, mas não teve participação comprovada.

Os três indiciados responderão em liberdade, pois a polícia não solicitou a prisão preventiva por não haver indícios de risco de fuga.

As apurações começaram com a Operação Carrasco, deflagrada em 4 de setembro, que cumpriu mandados de busca e apreensão em seis endereços, incluindo a sede da secretaria e o Instituto Paula Lopes, localizado na zona sul de Porto Alegre. Durante as buscas, o IGP (Instituto-Geral de Perícias) encontrou animais mortos no prédio público. Os corpos foram recolhidos para exames laboratoriais.

Embora a eutanásia seja permitida em casos de doenças sem cura, os investigadores entenderam que o alto número de mortes e as condições em que ocorreram configuram maus-tratos. Conforme o relatório, havia pressão interna para sacrificar animais que poderiam ser tratados, além de irregularidades nos atestados de óbito.

Foram identificados casos de gatos com FIV (HIV felina) e FELV (leucemia felina), além de cães com cinomose, que poderiam ter sido tratados. Um dos registros cita um cão com fraturas múltiplas que teve os membros amputados sem tentativa de cirurgia corretiva. Também foram encontrados atestados com datas em branco e assinaturas de veterinários usadas sem autorização.

Polícia investiga lavagem de dinheiro

A Polícia Civil ainda investiga o uso de animais resgatados pela ex-secretária em campanhas de doações nas redes sociais. Há indícios de que Paula utilizava as doações para fins pessoais, o que também levou à apuração por lavagem de dinheiro e estelionato. Em uma das buscas, os agentes apreenderam R$ 100 mil em espécie na residência da investigada, na Vila Assunção, zona sul da Capital.

Paula Lopes assumiu a secretaria em 1º de janeiro de 2025 e foi exonerada em 18 de agosto, pouco antes da operação. Na época, ela afirmou que as denúncias tinham motivação política.

O advogado de defesa da ex-secretária afirmou que ainda não foi notificado oficialmente sobre o indiciamento e que não teve acesso aos autos do inquérito.

Em nota, a Prefeitura de Canoas declarou que Paula foi escolhida para o cargo “com base em sua atuação na causa animal” e que a funcionária terceirizada Tainara Harth foi afastada após o início da investigação.

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