A Polícia Civil interditou uma comunidade terapêutica localizada no bairro Fiúza, em Viamão, na região metropolitana. Duas pessoas receberam voz de prisão, sendo que um deles é o proprietário da clínica, preso em Cidreira; e um monitor do local.
De acordo com a delegada Jeiselaure de Souza, mais de duas dezenas de internos estavam na clínica. A maioria deles relatou que eram mantidos em cárcere privado, espancados e mantidos sob efeito de medicação psicotrópica.
Os policiais apreenderam 22 pacotes de carne de gado sem procedência, sem validade e identificação do produto, além de possuírem odor azedo, sendo constatado pelo perito que eram impróprios para consumo.
Ainda foi encontrada no freezer a carcaça de um tatu, um animal silvestre. Os internos afirmaram que ele havia sido congelado para consumo deles. Também relataram que eram forçados a comer alimentos estragados.
Quatro internos precisaram de atendimento do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), em razão do estado de saúde em que se encontravam.
A ação foi desencadeada com o apoio da Prefeitura de Viamão, através das Secretarias de Saúde e Assistência Social do Município, que realizam o encaminhamento dos internos para locais adequados.
Descoberta da clínica
A descoberta da atuação da clínica ocorreu após os policiais de Viamão receberem informações de colegas do município de Cidreiram, no Litoral Norte. Os agentes daquele município realizaram uma inspeção em uma clínica e receberam a informação que um interno do local havia sido levado para a comunidade terapêutica de Viamão.
Durante a averiguação, o indivíduo transferido de Cidreira foi localizado drogado e com diversos ferimentos. Ele afirmou que havia sido algemado, espancado e levado contra a vontade para Viamão.
O local funcionava de forma legal, com alvará concedido pela Prefeitura de Viamão. No entanto, a administração municipal ressaltou que “nenhuma denúncia foi registrada nos canais de atendimento oficiais” sobre irregularidades no estabelecimento.
Prisões
O proprietário das clínicas em Viamão e Cidreira recebeu voz de prisão. A Polícia Civil, no entanto, não divulgou por quais crimes ele foi detido.
O monitor do local recebeu autuações em flagrante por crimes de cárcere privado, tráfico de entorpecentes, crime de tortura-castigo e crimes contra as relações de consumo.
O nome dos presos não foi tornado público.
O que diz a Prefeitura de Viamão
A Prefeitura de Viamão, por meio da Secretaria de Saúde, informa que o alvará emitido para aquele endereço se referia a um estabelecimento já fechado. Durante o trabalho de fiscalização de rotina, no mês de setembro, fiscais da Secretaria detectaram a reabertura do estabelecimento com novos proprietários e notificaram os responsáveis para comparecerem no setor de Vigilância Sanitária. Os proprietários estiveram em 27/9, tiraram as dúvidas e tinham prazo para alteração das documentações de 30 dias. A Secretaria ressalta que nenhuma denúncia foi registrada nos canais de atendimento oficiais. Todos os pacientes já foram retirados do local, sendo alocados em outras instituições ou em casa de familiares.