Uma análise inicial identificou arsênio no sangue de uma das vítimas fatais e de dois sobreviventes que consumiram um bolo durante uma confraternização familiar em Torres, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Três pessoas morreram após consumirem o doce.
O arsênio é uma substância considerada altamente tóxica, mesmo em pequenas doses. Ela era usada em pesticidas para controle de pragas urbanas, mas está proibida no Brasil desde 2005.
A descoberta do produto químico tóxico ocorreu após análise das amostras de sangue de três pessoas pelo Centro de Informações Toxicológicas, em Porto Alegre.
Entre as coletas analisadas está a de Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos. Ela morreu na noite de terça-feira (24) no Hospital Nossa Senhora dos Navegantes. Conforme o hospital, a causa provável é “choque pós-intoxicação alimentar”.
Também houve coleta de outros dois familiares: a mulher que preparou o bolo e seu sobrinho-neto, uma criança de 10 anos. Ambos permanecem hospitalizados, mas estão estáveis, segundo boletim médico desta sexta-feira (27). A polícia não divulgou os nomes dos sobreviventes. A mulher que preparou o bolo ingeriu duas fatias, apresentando a maior concentração de arsênio no sangue.
Conforme o que consta na investigação, as vítimas chegaram ao Hospital Nossa Senhora dos Navegantes por volta de 1h de terça-feira (24). Uma das pacientes chegou no hospital já em parada cardiorrespiratória, evoluindo para óbito logo em seguida, de acordo com a unidade.
“Uma segunda paciente chegou em estado grave (choque hipovolêmico), evoluindo rapidamente para parada cardiorrespiratória, sendo constatado o óbito pela equipe médica por volta das 6h”, informou o Hospital Nossa Senhora dos Navegantes.
Diligências
Apesar da identificação da substância tóxica, a polícia continua a investigar a possibilidade de intoxicação alimentar. Na linha de investigação sobre envenenamento, os policiais buscam determinar a origem do veneno e esclarecer se houve contaminação intencional ou acidental.
Durante diligências realizadas na terça-feira (24) na residência onde houve a preparação do bolo, em Arroio do Sal, os policiais encontraram alimentos vencidos, incluindo a farinha utilizada na receita. Novas buscas ocorreram nesta sexta-feira (27). Não há detalhes se houve novas apreensões de produtos.
Além disso, houve solicitação para exumar o corpo do marido da cozinheira. Ele em setembro por intoxicação alimentar. A morte não teve investigação pela polícia, por ter sido considerada natural.