Empregos

IBGE vai ajustar dados de desemprego; entenda o porquê

Indicador será atualizado com reponderação da Pnad Contínua e poderá alterar dados anteriores de desemprego no país.

Centro de Porto Alegre. - Foto: Alexandre Souza/Palácio Piratini (arquivo)
Centro de Porto Alegre. - Foto: Alexandre Souza/Palácio Piratini (arquivo)

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgará na próxima quinta-feira (31) a nova taxa de desocupação do Brasil. O dado, referente ao trimestre encerrado em junho de 2025, trará pela primeira vez uma reponderação da Pnad Contínua com base nos resultados do Censo Demográfico de 2022.

A mudança vai ajustar os dados amostrais da pesquisa, tornando-os mais fiéis à realidade demográfica do país. A atualização impacta diretamente os percentuais divulgados anteriormente, embora o IBGE destaque que os efeitos devem ser pequenos. A série histórica será toda recalculada, com alterações marginais em indicadores anteriores.

A reponderação consiste em atualizar o universo da pesquisa para refletir o perfil populacional captado pelo último Censo. Por exemplo, se houve aumento da proporção de mulheres ou mudanças na distribuição por faixa etária e região, isso será incorporado na amostra de 211 mil domicílios que formam a base da Pnad Contínua.

Atualmente, a pesquisa é a principal fonte oficial de dados sobre o mercado de trabalho no país. Diferente do Caged, que se baseia em contratações formais, a Pnad considera ocupações com ou sem carteira, por conta própria e empregos temporários.

Como a mudança impacta a taxa de desemprego?

De acordo com o IBGE, a reponderação é um procedimento de rotina após a realização de censos populacionais. A expectativa é de que os novos dados tragam apenas pequenas variações percentuais — como alteração na segunda ou terceira casa decimal — sem reverter tendências ou mudar significativamente o retrato do mercado.

Na última divulgação, em junho, a taxa de desocupação havia sido de 6,2% no trimestre encerrado em maio. O menor patamar da série histórica foi de 6,1% em novembro de 2024, enquanto a taxa mais alta chegou a 14,9% durante a pandemia, entre setembro de 2020 e março de 2021.

O que o Censo 2022 revelou

Os dados do Censo mostraram que a população brasileira era de 203,08 milhões em 2022. A projeção atual para 2024 é de 212,6 milhões de pessoas. Antes da atualização, a Pnad estimava um total superior a 216 milhões, o que tornou necessária a revisão metodológica.

Outros destaques revelados pelo Censo 2022 incluem:

  • Mulheres representam 51,5% da população; homens, 48,5%;
  • 87,4% vivem em áreas urbanas; 12,6%, em áreas rurais;
  • A população se autodeclara em sua maioria como parda (45,3%) ou branca (43,5%);
  • Pretos somam 10,2%; indígenas, 0,6%; amarelos, 0,4%.

Segundo o IBGE, institutos de estatística de outros países também fazem reponderações similares após os censos. A prática assegura a continuidade e a coerência metodológica das séries estatísticas.