MEMBRO DO BRICS

Trump amplia guerra comercial e aplica tarifa de 50% à Índia

Medida atinge exportações indianas e segue estratégia similar à aplicada contra o Brasil por tentar reduzir uso do dólar.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, determinou nesta quarta-feira (6) a aplicação de uma tarifa adicional de 25% sobre importações da Índia. Esta medida elevou a alíquota total para 50%. A decisão repete a adotada contra o Brasil no início do mês e aumenta as tensões entre os Estados Unidos e os países do grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

A nova tarifa incide sobre produtos estratégicos. Ela busca pressionar Nova Deli por manter relações comerciais com a Rússia, especialmente na compra de petróleo bruto. Este petróleo é refinado por empresas indianas e depois revendido no mercado internacional.

De acordo com o comunicado oficial da Casa Branca, a medida é uma resposta à política de importação energética da Índia. “Por consequência, e em conformidade com as leis aplicáveis, os produtos indianos importados no território aduaneiro dos Estados Unidos estarão sujeitos a uma alíquota adicional de 25%”, afirma a ordem executiva assinada por Trump. Esta informação foi noticiada pela emissora CNBC.

Tensão geopolítica nos Brics

A decisão norte-americana ocorre no contexto da iniciativa dos Brics de criar um sistema de pagamentos alternativo ao dólar nas transações comerciais. A proposta, liderada por China, Rússia e Brasil, é vista por Washington como uma ameaça à hegemonia monetária dos EUA.

No caso brasileiro, a tarifa de 50% entrou em vigor na madrugada desta quarta-feira (6). Ela impacta quase 36% das exportações, incluindo carne, café, frutas, pescados e máquinas agrícolas. A medida é acompanhada de críticas à condução da política interna brasileira. Também critica o processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, classificado por Trump como “caça às bruxas”.

Resposta diplomática da Índia

Em resposta à tarifa, o Ministério das Relações Exteriores da Índia publicou uma nota contestando a decisão e apontando contradições na postura americana. O governo indiano alega que os EUA e a União Europeia também continuam comprando produtos energéticos da Rússia, como gás natural, urânio e fertilizantes.

“A Índia começou a importar da Rússia porque os suprimentos tradicionais foram desviados para a Europa após o início do conflito com a Ucrânia. Naquela época, os Estados Unidos incentivaram ativamente tais importações pela Índia para fortalecer a estabilidade dos mercados globais de energia”, destacou o documento.

Impactos no comércio global

Com a inclusão da Índia no pacote tarifário, especialistas veem risco de retaliações e reorganização das cadeias de suprimento globais. Este risco se aplica especialmente em setores como energia, alimentos e insumos industriais. A medida também afeta o equilíbrio geopolítico entre as principais economias emergentes. Pode intensificar a polarização entre os blocos liderados por Washington e por Pequim-Moscou.