O governo do Rio Grande do Sul lançou nesta sexta-feira (25) um programa emergencial de crédito de R$ 100 milhões para socorrer empresas exportadoras do Estado, diante da entrada em vigor da sobretaxa de 50% aplicada pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. O anúncio foi feito pelo governador Eduardo Leite (PSD) após reunião com entidades empresariais no Palácio Piratini, em Porto Alegre.
O financiamento será operado pelo BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul), com juros subsidiados pelo Fundo Impulsiona Sul. A nova linha de capital de giro visa proteger empregos e dar fôlego financeiro às indústrias gaúchas até que o cenário internacional seja redefinido.
“Estamos há poucos dias da entrada em vigor do tarifaço. O programa de R$ 100 milhões via BRDE reforça o compromisso do nosso governo com a indústria gaúcha”, disse o governador Eduardo Leite.
Como funciona a nova linha de crédito
Empresas de qualquer porte que exportaram para os Estados Unidos no último ano ou no primeiro semestre de 2025 poderão acessar os recursos, a partir de 4 de agosto. O valor estará disponível até dezembro de 2025.
- Montante total: R$ 100 milhões
- Finalidade: capital de giro
- Prazo: até 60 meses, com até 12 meses de carência
- Custo: IPCA + 4% ao ano (equivalente a 8%–9% a.a.)
- Operação: BRDE, com subsídio do Fundo Impulsiona Sul
Impacto da sobretaxa e reação gaúcha
Conforme estudo da Fiergs (Federação das Indústrias do Estado do RS), a medida protecionista americana pode causar uma perda de até R$ 1,92 bilhão no PIB gaúcho. O Rio Grande do Sul está entre os Estados mais atingidos pela nova taxação anunciada pelo governo dos Estados Unidos.
O presidente da Federação, Cláudio Bier, elogiou a agilidade da resposta estadual. “O seu governo foi quem fez o primeiro movimento para apoiar as indústrias gaúchas”, disse durante o ato no Piratini.
Diplomacia paralela
Além da medida econômica, o governo estadual articula canais diplomáticos para tentar reverter os efeitos do tarifaço. Leite informou que o RS está em diálogo com o consulado norte-americano, embaixadas e até com governadores americanos, como o de Indiana, Estado-irmão do RS.
“É hora de construir pontes e desarmar tensões”, declarou o governador.
Resiliência e apoio institucional
Para o diretor-presidente do BRDE, Ranolfo Vieira Júnior, o programa é mais um passo da política estadual de apoio ao setor produtivo em meio a crises. Ele destacou que o RS ainda se recupera das maiores enchentes da história e de dois anos consecutivos de estiagem. “Com união e resiliência, vamos superar mais este desafio”, afirmou.
O BRDE é vinculado à Sedec (Secretaria de Desenvolvimento Econômico do RS).