GUERRA COMERCIAL

China retalia novamente e aumenta tarifas sobre produtos dos Estados Unidos para 125%

Medida é resposta à elevação das tarifas por parte dos Estados Unidos e pressiona cadeias globais de comércio.

Cédulas de cem dólares dos Estados Unidos, destacando a figura de Benjamin Franklin, um símbolo da economia americana.
Notas de dólar. Crédito: Valter Campanato/Agência Brasil

A China anunciou, nesta sexta-feira (11), a elevação para 125% nas tarifas sobre produtos importados dos Estados Unidos. A medida é uma retaliação direta ao aumento aplicado anteriormente pelo governo norte-americano, que decidiu ampliar a taxação de produtos chineses para 145%.

A decisão intensifica a guerra comercial entre os dois países e amplia o cenário de instabilidade nos mercados financeiros. A movimentação chinesa vem após Washington manter a pressão tarifária contra Pequim, mesmo após suspender, de forma temporária, tarifas aplicadas a dezenas de outras nações.

Donald Trump declarou estar aberto a um possível entendimento com a China. Em fala a jornalistas, o presidente dos Estados Unidos disse manter respeito pelo presidente chinês, Xi Jinping, e que acredita em uma solução que beneficie ambos os lados.

Por sua vez, Xi Jinping afirmou, em reunião com o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez, que a China e a União Europeia devem se opor a medidas unilaterais. O líder chinês reforçou que “não há vencedores em guerras comerciais” e defendeu uma ordem internacional baseada em regras.

Impacto global imediato

Horas depois do anúncio de Pequim, os principais índices globais registraram queda. O mercado financeiro refletiu o agravamento da disputa entre as duas maiores economias do mundo. Nos Estados Unidos, os títulos do Tesouro foram vendidos em ritmo acelerado, enquanto o ouro atingiu níveis recordes de valorização.

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, tentou conter os impactos afirmando que mais de 75 países manifestaram interesse em iniciar negociações comerciais com Washington. Ele declarou, ainda, que a situação com a China será tratada com foco na estabilidade econômica global.

Retaliação após escalada de tarifas

A Casa Branca havia elevado as tarifas contra a China para 145% logo após suspender cobranças sobre outros países. A movimentação gerou incerteza entre aliados, que buscam entender como se posicionar diante das recentes mudanças unilaterais promovidas pelos Estados Unidos.

Em resposta, o Ministério das Finanças da China divulgou comunicado classificando as novas tarifas como “intimidação econômica”. No documento, o governo chinês afirma que os Estados Unidos estão violando normas do comércio internacional e minando a estabilidade econômica global.

Mercado europeu também reage

A elevação das tarifas entre EUA e China também repercutiu na Europa. O índice STOXX 600 teve queda superior a 1%, pressionado pelo receio de que as tensões comerciais provoquem retração econômica no continente.

De acordo com estimativas de autoridades europeias, o impacto das tarifas dos EUA pode reduzir entre 0,5% e 1% o PIB (Produto Interno Bruto) da União Europeia, que já possui previsão de crescimento de apenas 0,9% para este ano. Com isso, a região poderia entrar em recessão.

A posição chinesa de não ceder aos norte-americanos encontra eco em autoridades europeias. Ambas as partes demonstraram intenção de atuar em conjunto contra medidas que classifiquem como unilaterais ou desequilibradas. A cooperação entre o bloco europeu e a China pode, portanto, influenciar futuras negociações multilaterais, com foco na defesa de estruturas comerciais consolidadas.

Negociações com outros países

Enquanto mantêm o confronto com Pequim, os Estados Unidos iniciam conversas formais com o Vietnã, com foco em evitar que produtos chineses entrem no país disfarçados de origem vietnamita. A Casa Branca confirmou que o Sudeste Asiático será prioridade nas tratativas bilaterais para evitar distorções no comércio internacional.

O Japão também reagiu à escalada tarifária. O primeiro-ministro Shigeru Ishiba formou uma força-tarefa comercial para visitar Washington na próxima semana. A delegação buscará alternativas para manter o equilíbrio nas relações comerciais do país com os Estados Unidos.