O Copom (Comitê de Política Monetária) do BCB (Banco Central do Brasil) decidiu, novamente, reduzir a taxa Selic. O índice básico de juros brasileiro recuou para 10,75% ao ano. Ele está em queda desde agosto de 2023, quando o percentual estava em 13,75% ao ano.
Todos os membros do Copom votaram por um redução de 0,50 pontos percentuais na taxa: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Gabriel Muricca Galípolo, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.
O órgão de política monetária segue receoso com o ambiente externo volátil, mas considera o cenário interno mais previsível. “O conjunto dos indicadores de atividade econômica segue consistente com o cenário de desaceleração da economia antecipado pelo Copom. A inflação cheia ao consumidor manteve trajetória de desinflação”, diz a nota do Comitê.
As expectativas de inflação para 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 3,8% e 3,5%, respectivamente.
O que é a taxa Selic
O Brasil tem histórico de juros altos. A taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia) foi criada em 1979 durante a crise de inflação sofrida na Ditadura Militar após o “milagre econômico” do início daquela década. Ela serve com balizador de todas as outras taxas de cobrança do país, tais como empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras.
O maior índice da Selic ocorreu em 1989, em um período de hiperinflação e quando os juros eram calculados todos os dias. Segundo a B3, em 2 de fevereiro daquele ano, o índice apurado foi de 3,626% no dia. A maior Selic acumulada em 12 meses foi registrada em 26 de dezembro de 1989, quando a taxa composta atingiu inacreditáveis 115.334,03%.
Mas foi só a partir de março de 1999 que a meta para a taxa Selic passou a ser considerada para fins de política monetária. Naquela época a taxa foi fixada em 45%, após a turbulência causada pela Crise dos Tigres Asiáticos (1997) e do início do “câmbio flutuante” do Real junto ao Dólar (1998).
Entre ciclos de altas e baixas, a Selic ficou oscilando entre 8% e 19% nos governos Lula 1 e 2 (2003-2010) e Dilma 1 (2011-2014). Mas foi no governo de Michel Temer que os juros começaram a cair: passaram de 14% em outubro de 2018 para 6,5% em dezembro de 2018.
No governo de Jair Bolsonaro (2019-2022), houve a mínima histórica de 2% em agosto de 2020, em meio à pandemia de Covid-19. Depois veio, com aumento da inflação, houve um choque dos juros sobre a economia brasileira, que teve 12 altas seguidas, chegando até os 13,75% em 2 de agosto de 2022.