
Olá gente, como estão? Ao longo desse ano tivemos diversas obras nacionais retratando um Brasil do “passado”. Mas algo me alertou que, de uma certa forma, um determinado tema, independente da época, vem à tona. Hoje vamos conversar sobre a obra “Cyclone”, mais um presente do nosso Cinema Nacional. Então pegue sua bebida favorita e vamos conversar sobre esse filme e o quão necessário é “batermos na mesma tecla” ao longo dos anos.
Primeiramente, que privilégio poder acompanhar tantas obras boas do audiovisual nacional. Sejam séries, curtas, documentários ou filmes. É muito bom poder me aproximar de algo que antes era tão abstrato para mim. E o filme em questão da nossa conversa, também é mais um excelente exemplar. E que não deixa em nada a desejar com obras do circuito internacional.
Dito isso, “Cyclone” nos leva ao Brasil de 1919, onde temos uma operária chamada Dayse, aspirante a dramaturga. Uma mulher que se divide entre o trabalho em uma gráfica e seguir seu sonho fazendo colaborações no Theatro Municipal de São Paulo. Falando assim parece ser uma situação normal, mais uma pessoa batalhando para conquistar seu sonho ou conseguir uma oportunidade.
E é quando essa oportunidade chega que ela vai perceber a dura realidade de ser uma mulher. Para um homem, ter a oportunidade de bolsa para estudar teatro em Paris (França), é algo bem mais fácil. Mas Dayse vai ver na pele o quão difícil é.
Ela pode ter conseguido a bolsa, mas até chegar lá será preciso enfrentar uma série de burocracias. Não estou dizendo que para conseguir um visto e viajar para o exterior não devam existir regras. Mas lembrando estamos falando de um Brasil em 1919, de uma mulher tentando conquistar algo nessa época.
Será mesmo que só nessa época as coisas são assim? Ao longo desse ano pude ver as personagens femininas em diversas nuances. Viajando no passado temos o exemplo da série Ângela Diniz, uma mulher que incomodava aos outros pelo simples fato de querer viver a vida dela. Ou a personagem de Alice Carvalho em O Agente Secreto, uma mulher forte e respeitosa, mas que sabe do seu valor e não vai deixar que um babaca endinheirado a humilhe. E, voltando aos tempos atuais, em “A Melhor Mãe do Mundo”, a dura realidade de uma mãe que luta para dar uma vida digna aos filhos.
Direitos das mulheres
Seja em 1919 ou 2025 as mulheres tem de ter seus direitos. Imagine que você, mulher, consegue uma bolsa de estudos para seguir construindo seu sonho. Mas se depara tendo de ter autorização do seu pai ou marido para poder conseguir o visto. E se você não tiver um marido ou for órfã, como que faz? E a dificuldade que é para uma mulher ser creditada como roteirista em uma peça teatral. Essas e tantas outras questões que Dayse passa ao longo do filme, me fazem refletir sobre o direito das mulheres.
E me deparo com tanta gente dizendo que isso é bobagem, é mi-mi-mi. Nossa, me causa um sentimento de repulsa quando ouço esse tipo de discurso. Esse filme vem para ressaltar a importância do direito das mulheres. De elas poderem ser donas do seu próprio corpo, de não precisar da figura masculina para ter validação. Somos seres humanos e devemos ser tratados por igual.
É um privilégio poder ter amizade com grandes mulheres, mestrandas, artistas, diretoras, roteiristas, mães. E eu celebro suas vidas. Fico feliz por suas conquistas e torço que tantas outras venham. Mulheres precisam e devem ocupar cargos ditos “masculinos”. E qualquer homem que queira diminuir isso mostra que está a um palmo e meio abaixo de qualquer dignidade. Essa masculinidade frágil, que precisa se colocar acima dos outros, é ridícula.
Queridos, peço desculpas se, por ventura, tenha me exaltado um pouco. Mas “Cyclone” mostra que a realidade de antigamente volta e meia tenta ressurgir. E nós temos de continuar batendo na tecla de que as mulheres merecem respeito. Não somente em datas comemorativas, e sim todos os dias. É uma obra linda, mas com uma dura realidade. Um grande alerta para a saúde da mulher, seja física ou emocional. E que elas não precisam de uma aprovação externa de ninguém para conquistarem seus objetivos.
Por hoje é isso, queridos. Vamos continuar prestigiando e celebrando o Cinema Nacional. Essa é uma obra que eu torço que chegue ao conhecimento do maior número de pessoas possíveis. É uma mensagem dura, mas extremamente necessária. Um caloroso abraço, Thi.