CULTURA

Munições do século 19 são encontradas em canhões da Revolução Farroupilha no Museu Júlio de Castilhos

Equipe encontra munições originais da Guerra dos Farrapos dentro de canhões do Museu Júlio de Castilhos

Foto: Divulgação MHJC
Foto: Divulgação MHJC

Entre os itens mais emblemáticos do acervo do MHJC* (Museu de História Julio de Castilhos) está um conjunto de nove canhões de guerra. Na semana passada, a equipe de restauro descobriu quatro munições (conhecidas popularmente como balas) no interior de quatro desses canhões.

O achado se deu em meio ao trabalho de limpeza que faz parte das obras de restauro e ampliação do Museu.

A descoberta ocorreu durante um serviço de retirada de pedra brita do interior dos canhões. Essas munições são bolas de ferro maciço, sendo três em tamanho maior e uma menor. Nos conflitos bélicos, os combatentes podiam utilizar várias, a fim de que se espalhassem.

Assim, a equipe conseguiu extrair duas das quatro peças. Devido à ausência de pólvora, item necessário à explosão dos canhões, não há nenhum risco à segurança da equipe técnica e dos visitantes da instituição.

Itens da Revolta Farroupilha

Os canhões faziam parte de uma guarnição militar que em 1839, no contexto da Guerra dos Farrapos, visava retardar a chegada de tropas imperiais até as embarcações de Giuseppe Garibaldi (chamadas de lanchões). Para que os inimigos não os capturassem, os farroupilhas lançaram esses armamentos no fundo do arroio Santa Isabel, em Camaquã, de onde emergiram somente no ano de 1925, em razão de uma estiagem.

Nesse mesmo ano, os armamentos foram para o Museu, onde estão até hoje. Quando as obras na instituição estiverem concluídas, os visitantes poderão conhecer os canhões e suas respectivas munições. As que não foram removidas serão exibidas com apoio de instrumento de iluminação. 

Quase 200 anos depois

“Durante a guerra os canhões estavam em uma embarcação, prontos para serem disparados, o que significa que as munições permaneceram escondidas e desconhecidas ao longo de quase 200 anos, inclusive resistindo ao período em que os canhões ficaram submersos e enterrados. É uma descoberta fantástica, uma volta ao passado”, comemora a diretora do MHJC, Doris Couto.

A limpeza dos canhões fez parte do processo de restauro desses armamentos, realizado por uma empresa especializada em restauração. Essa empresa contratada retirou os canhões das bases de concreto em que estavam fixados, limpou-os e executou um tratamento de estabilização de corrosão metálica (o concreto das bases envolvia parcialmente o corpo metálico dos canhões, o que poderia desencadear processos acelerados de corrosão).

Na sequência, os canhões foram instalados sobre novas bases de sustentação, dessa vez em madeira, a fim de interferir minimamente sobre eles. Em razão das obras, o Museu está temporariamente fechado para visitação.

*Instituição da Sedac (Secretaria de Estado da Cultura)