
O MARGS* (Museu de Arte do Rio Grande do Sul) inaugura, no sábado (12), às 10h30, a exposição “Leandro Machado – Hospícios e balneários [é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança]”. Será um evento aberto ao público.
Esta é a primeira mostra individual de Leandro Machado apresentada pelo MARGS. A exposição traz um panorama da produção do artista desde os anos 1990 até o presente.
A exposição, que marca ainda a reabertura do 2º andar do Museu com a nova reserva técnica visível, estava programada antes da enchente de 2024. Ela vem agora a público também como parte do processo de recuperação do acervo da instituição após os danos da inundação parcial ocorrida no térreo.
Caráter político
Essa é a primeira mostra dedicada a uma compreensão mais ampla da trajetória e da produção de Machado. A seleção de obras inclui peças que integram o acervo do Museu, entre as quais aquisições recentes que serão apresentadas pela primeira vez. A curadoria é do diretor do MARGS, Francisco Dalcol, e da curadora-assistente do Museu, Cristina Barros, com produção e preparação de obras de José Eckert, do Núcleo de Curadoria, e envolvimento de todos os setores da instituição.
Machado desenvolve sua obra transitando entre pintura, desenho, objeto, colagem, fotografia, procedimentos gráficos, apropriação, escrita, som, performance e intervenção, além de empregar a experiência do andar e do deslocamento como expediente artístico.
Nessa prática e produção diversificadas, seus trabalhos reverberam temas e questões que encontram um sentido mais amplo de urgência política. Tanto a partir da condição de artista negro e da reflexão sobre sua ancestralidade, quanto pela leitura crítica dos sistemas de poder e das relações de desigualdade social-racial. Para o título da exposição, o artista evocou um conhecido provérbio africano: “é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança”.
Trabalhos notórios dessa vertente são o projeto “Lojas africanas”, que se desdobra em diferentes e diversificadas obras e proposições. A série de pinturas “Henê”, na qual emprega como tinta o produto cosmético utilizado para alisar os cabelos e tingi-los de preto. E a série de monotipias “Termogravuras”, realizadas com ferro de passar à brasa, em uma espécie de performance ritualística. Esta emula, em seu processo, a memória do trabalho escravo e, na estruturação visual que resulta, a chaga dos navios do tráfico afro-atlântico de escravizados.
Saiba mais
Nascido em 1970, em Porto Alegre, Leandro Machado é formado em Artes Visuais e em Educação Artística (licenciatura), ambas pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). O artista tem especialização em Saúde Mental pela Escola de Saúde Pública do RS. Nesta, o Hospital Psiquiátrico São Pedro serviu como campo de formação durante o período de residência.
Atuando com regularidade em exposições desde 1998, tem ganhado maior alcance em anos recentes, com obras presentes em coleções e participações em importantes mostras no Brasil. Essas, discutem e refletem sobre a produção e a condição de artistas afro-brasileiros no contexto da herança da diáspora africana e das consequências da escravidão no País.
Serviço
- Exposição “Leandro Machado — Hospícios e balneários [é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança]”
- Quando: Inauguração no sábado (12/7), às 10h30. A exposição segue em exibição até 5 de outubro
- Onde: 2º andar expositivo do MARGS (Praça da Alfândega, s/n°, Centro Histórico, Porto Alegre)
- Visitação: Terça-feira a domingo, das 10h às 19h (último acesso às 18h), com entrada gratuita
O MARGS oferece visitas mediadas para grupos e escolas, mediante agendamento prévio pelo e-mail [email protected]
*O MARGS é uma instituição da Sedac (Secretaria da Cultura). O plano de recuperação, exposições e atividades educativas do Museu conta com patrocínio direto do Banrisul e com patrocínios via Lei de Incentivo à Cultura Federal do Santander, da Hyundai e da EDP.