
A convite da Cinne Vício e da Espaço Z, estive na pré-estreia de “Jurassic World: Recomeço”, que aconteceu no GNC Cinemas do Praia de Belas, em Porto Alegre. O evento contou com recepção descontraída, painéis para fotos e, claro, a tradicional pipoca. Mas o que se seguiu na tela, infelizmente, não correspondeu à franquia original, “Jurassic Park”.
O novo longa traz Scarlett Johansson, Jonathan Bailey, Mahershala Ali como destaques no elenco. Com direção de Gareth Edwards e roteiro David Koepp neste capítulo vamos acompanhar uma equipe que vai a uma missão para obter amostras de DNA de três diferentes criaturas. Os poucos sobreviventes de dinossauros vivem em ambientes equatoriais isolados, onde o clima se assemelha ao que permitiu sua existência no passado. Dentro dessa biosfera tropical, as três espécimes detêm a chave para a criação de um medicamento com potencial para salvar vidas. A missão dessa equipe é conseguir as amostras de DNA e combater os perigos de um mundo onde a natureza selvagem é a única soberana.
Agora vêm a grande questão: essa franquia ainda tem futuro? Talvez possa agradar uma porcentagem dos fãs, o que não foi o meu caso. Particularmente eu separo as duas franquias. Lido como a trilogia de “Jurassic Park” sendo uma e de “Jurassic World” outra, que até teve filmes que entretêm no início, mas será que ainda consegue?
Tive a oportunidade de participar de outras estreias, das quais – assim como essa – fui isento de expectativas, mas que consegui me divertir. Apesar de os filmes terem suas questões, você se entretinha e se diverte. O que não foi o caso de “Jurassic World: Recomeço”, na minha perspectiva.
Fiquem tranquilos pois não darei spoilers do longa. Mas como a própria sinopse dele diz, vamos acompanhar a missão de uma equipe em busca do DNA de algumas espécimes de dinossauros. Diga-se de passagem, leva muito tempo de tela até que eles apareçam de fato. Um investimento altíssimo para os dinossauros, de fato, aparecerem por poucos minutos. É um roteiro tão raso que você consegue prever os acontecimentos. Personagens sem profundidade nenhuma, você não consegue ter empatia por eles. Pelo contrário você fica na torcida de que os dinossauros devorem um a um.
Trilha tenta criar clima, mas não consegue
Sou uma pessoa que gosta muito das trilhas sonoras dos filmes. Eles até tentam emular o que John Williams fez em “Jurassic Park” (1993) mas diferente da emoção que te envolvia, que você mergulhava no filme com os personagens ao se admirarem com os dinossauros, você não sente absolutamente nada.
Deixe-me explicar o que quis dizer, na animação “O Rei Leão” (1994) a cena de abertura. Você sente tudo sendo construído, desde o fade in do início até o momento em que corta para o título do filme. A trilha inicia e a história vai crescendo em cena, é realmente emocionante. Os animais se reunindo para testemunhar um grande acontecimento. Pouco a pouco os elementos vão surgindo em tela. Até o momento em que o Rafiki toma o Simba nos braços e se prepara para apresentá-lo. A cena vai crescendo e tomando forma junto com a trilha sonora. Você sente que algo grandioso vai acontecer. Rafiki se posiciona na Pedra do Rei e nesse momento a trilha e a cena crescem junto ao ápice a apresentação de Simba. É emocionante, os animais celebram, tudo acontece em harmonia.
Já na sua nova versão, de 2019, ocorre tudo, menos a emoção. Inclusive te convido a assistir uma após a outra para você ver. A trilha sonora continua incrível, ela se constrói, mas aquilo que assistimos em cena… Mas não tem emoção. Você sente a música crescendo, mas a cena não acompanha. Toda a imposição que o Rafiki tinha para apresentar Simba aos demais animais, se esvai. Ele simplesmente se assenta de cócoras e ergue os braços, uma cena sem emoção nenhuma. O que destoa completamente da música.
O mesmo acontece em “Jurassic World: Recomeço”, eles tentam emular a emoção com a trilha sonora, mas o que assistimos em tela, não traz emoção ou sentimento algum. O que fica é o questionamento, ainda vale a pena investir dinheiro para produzir produtos tão rasos assim?!
Para não dizer que não gostei de nada, impossível não se apaixonar pela Dolores, a baby dinossauro que consegue ser mais carismática que o elenco humano inteiro. Que provavelmente vão usar de artifício para produzir merchs e pelúcias dela. Afinal, business não é mesmo?!
Agradeço ao convite da Cinne Vício e espero reencontrá-los em breve para comentar novos lançamentos — de preferência, com mais emoção e menos fórmulas esgotadas.