
O gênero musical bugio agora é patrimônio cultural imaterial do Rio Grande do Sul. A solenidade de registro ocorreu na terça-feira (12), no Teatro Oficina Olga Reverbel, do Multipalco Eva Sopher. A portaria da Sedac (Secretaria da Cultura) formalizando o registro está publicada no DOE (Diário Oficial do Estado) de terça-feira (12).
Os municípios de São Francisco de Assis e São Francisco de Paula foram tiveram a iniciativa do processo, ao formalizar o pedido ao Iphae. O reconhecimento do bugio como bem cultural passou por todas as etapas estabelecidas pela legislação estadual. São elas:
- Elaboração de um inventário, ou seja, uma pesquisa documental, bibliográfica e de campo para produzir conhecimento sobre o bem;
- Parecer técnico pelo instituto, que o submete à avaliação da Câmara Temática do Patrimônio Cultural Imaterial, órgão responsável por avalizar a inclusão do registro;
Reconhecimento oficial
O diretor do Iphae, Renato Savoldi ressalta que o registro fundamenta ainda mais a preocupação do instituto em reconhecer a cultura do Estado.
“A assinatura de hoje, fruto do trabalho da equipe técnica do Instituto e dos municípios de São Francisco de Assis e São Francisco de Paula, possibilita a realização de medidas de salvaguarda desse bem cultural nas duas cidades”, destaca.
A inclusão do bugio como parte do patrimônio cultural do Estado permite a formulação de políticas públicas voltadas à sua preservação, como a promoção de festivais, oficinas e iniciativas educativas que assegurem sua transmissão às futuras gerações, além da valorização dos artistas e dos mestres do gênero.
O bugio
O bugio é um gênero musical executado no acordeão, no qual o instrumentista realiza um toque característico denominado “sincopado”. Esse ritmo é caracterizado pela execução de som em um tempo fraco que se prolonga até o tempo forte, constituindo um compasso binário simples. Conforme as pesquisas realizadas, somente o gênero bugio exige esse método de execução musical.
Embora o parecer técnico aponte que sua origem remonta a distintas narrativas históricas, que variam conforme a região, o bugio é amplamente reconhecido como um dos estilos musicais representativos da cultura regional. Além disso, há uma unanimidade quanto ao fato de que esse toque característico no instrumento foi desenvolvido a partir da imitação do som produzido pelo macaco bugio, animal nativo de diversas regiões do Estado.
O parecer destaca ainda que, independentemente da origem exata, o ritmo se consolidou como uma importante referência identitária para diversas comunidades gaúchas. Atualmente, o gênero – que, originalmente, era executado em gaita de botão e, mais tarde para a gaita pianada – incorporou outros instrumentos musicais, como a bateria, o violão e o contrabaixo.
A bibliografia elaborada sobre esse bem cultural pode ser acessada no site do Iphae. O processo de registro também contou com a colaboração do IEM (Instituto Estadual de Música). O bugio é o quinto bem a passar por esse procedimento e ser registrado como patrimônio cultural imaterial do Estado, juntando-se aos modos de fazer cuca artesanal, queijo serrano e artesanato com palha de butiá, e ao sistema cultural e socioambiental da erva-mate.