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Exposição: Vida dos imigrantes alemães chegados há 200 anos no RS

O objetivo da exposição é demonstrar como era uma casa da colônia, um armazém, uma festa reunindo as famílias.

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Um mergulho afetivo no cotidiano das primeiras nove famílias imigrantes alemãs que desembarcaram no Rio Grande do Sul há 200 anos é proporcionado pelo Kempinski Laje de Pedra em sua exposição Heimatland – pátria, em alemão.

Realizada como parte da programação em celebração ao bicentenário da chegada do povo germânico no Brasil, a mostra tem curadoria de Eleonora Joris, convidada pelo Instituto Cultural Laje de Pedra para se debruçar sobre objetos e documentos do rico acervo do Museu Histórico Visconde de São Leopoldo e proporcionar uma verdadeira imersão cultural.

A exposição é aberta ao público em geral na Galeria do Laje, que fica localizada na Rua das Flores, 222, em Canela, até 15 de setembro.

Eleonora explica que o objetivo da exposição é demonstrar como era uma casa da colônia, um armazém, uma festa reunindo as famílias. Os visitantes são recebidos em um corredor repleto de tecidos bordados e painéis com fotos que narram através de uma cronologia visual a chegada dos imigrantes: o navio, a documentação, as primeiras casas e, já estabelecidos, a organização em clubes, espaços esportivos e cooperativas.

Na sala principal, os ambientes privados e públicos se mimetizam com registros em documentos e fotos das famílias colocando o visitante no centro desse cotidiano.

“A casa dos colonos, mesmo simples, mantinha viva a cultura de origem: a ordem impecável, o relógio na parede, a conserva de chucrute, o pano delicadamente bordado e a bíblia em alemão, na prateleira. Eles não tinham nada e, ao mesmo tempo, tinham tudo”, ressalta a curadora.

Estima-se que entre os séculos 18 e 19 mais de 10 milhões de imigrantes germânicos deixaram o continente europeu. Muitos se estabeleceram em território brasileiro e trouxeram consigo uma fonte inesgotável de determinação e força de trabalho.

Museu

A mostra é composta principalmente por artigos do Museu Histórico Visconde de São Leopoldo, localizado na cidade considerada o berço da imigração alemã no Brasil e onde está o maior acervo memorial da imigração alemã na América Latina – com 10 mil objetos, 25 mil livros, 85 mil fotos, 9 mil jornais e 12 mil documentos.

O local foi atingido pela enchente que assolou o município e agora conta com apoio do Kempinski Laje de Pedra, dentre outros parceiros, para sua reconstrução e revitalização.

O documentário Walachai, de Rejane Zilles, sobre uma pequena comunidade rural no interior de Morro Reuter em que as pessoas até hoje falam um antigo dialeto alemão, é exibido em looping. Projeto bastante pessoal da diretora, o filme foi escolhido por Eleonora exatamente por trazer esse olhar de proximidade.

“Sou descendente de alemães e quis trazer a esta exposição as recordações da minha família, especialmente da minha avó, inclusive com fotos do meu acervo pessoal. Me dedico ao estudo da memória na museologia, mas esta é a primeira vez que me envolvo na curadoria de algo que bate tão no fundo do meu coração”, complementa.