A Sedac* (Secretaria Estadual da Cultura) promove no dia 9 de agosto, às 19h30, o lançamento do documentário “A Casa Azul”. Trata-se do projeto de estreia do estudante de Produção Audiovisual João Chagas.
O curta-metragem destaca a presença negra em Sapucaia da Sul, município da Região Metropolitana de Porto Alegre que é tradicionalmente associado à colonização europeia. Além disso, propõe uma inversão simbólica e histórica, construindo identidade, pertencimento e ancestralidade por meio da história da família do diretor.
A exibição do documentário acontece no Auditório Luis Cosme, no quarto andar da CCMQ (Casa de Cultura Mario Quintana). Em seguida, haverá uma roda de conversa entre o público, João Chagas e Lorenzo Sciacca, que trabalhou no desenvolvimento da Trilha Sonora e do Design de Som do curta. A entrada é gratuita.
Inversão histórica
Sapucaia do Sul é historicamente conhecida como um grande polo da imigração alemã e referida como o “berço da colonização alemã”. No entanto, uma casa azul no bairro de Nova Sapucaia, onde mora o diretor, propõe uma inversão histórica desse reconhecimento. Isso ocorre ao apresentar uma família afrodescendente que constrói sua existência e memória neste território.
Ao longo do curta-metragem, João ressignifica tanto sua casa quanto sua própria região. Diversos cômodos da residência assumem novos significados através de vivências familiares e múltiplas presenças que habitaram o local. Em uma das passagens do filme, o narrador afirma:
“Todos os cômodos já foram de alguma forma ressignificados. Foram tantas pessoas que passaram aqui que me fizeram ver essa casa como um Quilombo.”
Acolhimento e resistência
Essa metáfora do Quilombo, compreendido como morada e refúgio da população negra durante a época escravocrata, é resgatada para analisar a casa azul como um lugar de acolhimento e resistência. A definição de Quilombo, enquanto “toda a habitação de negros fugidos, que passem de cinco, em parte despovoada, ainda que não tenham ranchos levantados e nem se achem pilões nele”, ganha um novo significado se levarmos em consideração o contexto urbano contemporâneo. O diretor complementa: “É até engraçado pensar que no ‘berço da colonização alemã’ temos um Quilombo.”
A afirmação evidencia a potência da subversão simbólica imposta pelo documentário, que adiciona a narrativa afrodescendente em um território majoritariamente marcado pela memória germânica do estado do Rio Grande do Sul.
A Casa Azul (Brasil, 2025,15min). Documentário de João Chagas.
Sinopse: O documentário “A Casa Azul” destaca a presença negra em um espaço tradicionalmente associado à colonização europeia, propondo uma inversão simbólica e histórica, construindo identidade, pertencimento e ancestralidade por meio da história da família do diretor. “É até engraçado pensar que no ‘berço da colonização alemã’ temos um quilombo.”
Serviço
Exibição do documentário “A Casa Azul”
- Quando: 9 de agosto (sábado), às 19h30
- Onde: Auditório Luis Cosme – 4º andar da Casa de Cultura Mario Quintana (Rua dos Andradas, 736 – Porto Alegre)
Entrada gratuita
*Por meio do IEM (Instituto Estadual de Música)