REFLEXÕES...

"Sorry, Baby" faz pensar como nós (não) acolhemos as pessoas

Essa história contém tópicos sensíveis, mas que precisam ser debatidos: como ajudar alguém que foi vítima de um trauma?

Crédito: A24 / Divulgação
Crédito: A24 / Divulgação
Conteúdo Especial

Oi, gente! Como vocês estão? Nossa conversa hoje é sobre algo um tanto difícil. Não pelo fato de o filme ser ruim, ao ponto que beira o ofensivo ao espectador. Mas por trazer às telas um tema duro de se lidar ou de conversar – algo que o filme, felizmente, não faz de uma forma sensacionalista ou romantizando a situação.

Vamos falar hoje sobre “Sorry, Baby” (A24), que estreia hoje (11), exclusivamente nos cinemas brasileiros, com distribuição da Mares Filmes e Alpha Filmes. Pegue uma xícara de café e vamos para mais uma conversa de cinema.

Sem entrar em spoilers, preciso deixar um alerta: essa história contém tópicos sensíveis. Não estou dizendo para não assistí-lo, pelo contrário. É algo que precisa ser debatido entre as pessoas, de forma respeitosa. Para que possamos acolher quem precisa de ajuda após ter sido vítima de alguma agressão, seja ela física, verbal ou sexual. Acolher, não julgar.

Na trama, depois de um evento trágico, Agnes se vê sozinha enquanto todos continuam suas vidas como se nada tivesse acontecido.

“Sorry, Baby” é um longa ousado e diferente. Não somente por abortar temas extremamente importantes, mas delicados. Mas também pela forma como ele se constrói. É como se a diretora Eva Victor, que também encarna a protagonista, escrevesse um livro em forma de película. Falando assim parece um tanto confuso, eu sei. Conforme você assiste vai entendendo o que quero dizer. E a cada novo capítulo mais uma parte da história se desenrola. Em momentos pode até parecer confuso, mas vai fazer sentido.

Eu poderia me atentar aqui em falar das qualidades técnicas do filme, da sua direção, fotografia o uso das cores e das trilhas. Mas acredito que focar nisso, deixaria o que realmente importa nele de lado: o respeito. A forma como lidamos e tratamos as pessoas. Compreendo que vivemos em uma realidade onde é tudo muito rápido. As músicas, por exemplo: hoje temos uma no topo e amanhã já foi esquecida. Nós avançamos tanto em tecnologia, que às vezes dá a sensação de que as coisas e até mesmo as pessoas, são descartáveis.

Cada um de nós está vivendo a sua realidade nessa grande loucura chamada “vida”. Talvez você realmente pegou um café para acompanhar essa nossa conversa, o que me deixaria muito feliz. Mas pode ser que esteja acompanhando no transporte de casa até o trabalho, ou aguardando na fila para um atendimento. Nós realmente não sabemos o que se passa na vida da pessoa que está ao nosso lado. E, talvez, você esteja se questionando nesse momento o que isso tudo tem haver com o filme.

Exatamente isso. Por vezes estamos tão focados nas nossas realidades e prioridades que não percebemos que alguém precisa de ajuda. Talvez um amigo está tendo um dia pesado no trabalho e necessita de alguém para conversar, nem que seja para falar de bobagens aleatórias para aliviar o estresse.

Ou, então, alguém próximo a você tem algumas questões familiares entaladas na garganta. “Ah, mas Thi, eu não tenho como resolver”. Eu sei, mas as vezes as pessoas só precisam ser ouvidas. E, quem sabe, de um abraço ou um ombro amigo.

Mas, por muitas vezes, as pessoas não são tratadas com o respeito e cuidados necessários. Infelizmente ninguém está imune de viver uma situação traumatizante, seja ela qual for. Gostaria muito de viver uma realidade em que o respeito e a segurança fosse algo que todos pudessem usufruir. De quando um homem aborda uma mulher e ela disser “não” ele entenda que é “não”. Que saiba que, por ser homem, ele não tem direito a mais ou a menos sobre as outras pessoas. Que se coloque no seu lugar, um ser humano falho como todos.

Essa é uma realidade que o filme aborda. Viver uma situação traumatizante não é nada fácil. E não estou aqui querendo dizer que isso é mais grave que aquilo. Se você foi tratado com falta de respeito, você não está errado de se sentir “estranho”. Você não é culpado, você não fez NADA de errado. Infelizmente você foi vítima de algum tipo de agressão.

Nós precisamos de uma realidade em que as pessoas sejam acolhedoras. Que autoridades consigam acolher e lidar com cada caso de uma forma única. Que os médicos tenham mais tato e sensibilidade ao falar com alguém que, infelizmente, foi vítima de algo. E que nós possamos ajudar de uma forma respeitosa a quem precisar. Seja simplesmente ouvindo, sem um olhar de julgamento. Pois já é difícil o suficiente para a pessoa ter coragem de falar sobre. Precisamos ser rede de apoio para aqueles que chamamos de amigos, sejam eles familiares ou não. Precisamos uns dos outros.

Esse filme vem para mostrar que cada um lida com uma situação traumática de um jeito. Algumas levam mais tempo que outras e está tudo bem. A vida não é uma equação matemática que vai dar um resultado exato todas as vezes. O importante é você entender que se você sofrer algum tipo de agressão, você pode e deve conseguir ajuda para lidar ou enfrentar essa situação. Não deveria ser um tabu ou um bicho de sete cabeças. Mas, infelizmente, vivemos em um mundo em que as pessoas olham mais para a tela de um dispositivo eletrônico. Dão mais importância se estão sendo notadas ou recebendo “likes”. Ao invés de olharmos para os lados e nos importar de fato com quem chamamos de amigos.

“Sorry, Baby” tem uma mensagem muito dura, mas uma grande realidade. E espero que quem assistir consiga se sensibilizar mais com as pessoas que por ventura tenham vivido esse tipo de situação. Hoje vou ficando por aqui. Um forte abraço, Thi.

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