Críticas de cinema

"Asa Branca" e as consequências de uma vida sem limites

Cinebiografia acompanha os altos e baixos da história de Wandemar Rui dos Santos, o Asa Branca, um dos ícones dos rodeios brasileiros.

Crédito: Paris Filmes / Divulgação
Crédito: Paris Filmes / Divulgação

Seguuuuura peão! Quer dizer… “Bão?” Hoje nosso papo sobre cinema é de mais uma obra nacional – aliás, viva o Cinema Nacional! Vamos nos envolver com o mundo dos rodeios, algo que só ouvia falar, mas não tinha conhecimento. Admito que até pensei em alguma rima para encerrar minha introdução, mas esse talento não possuo. Então, pegue sua bebida favorita e vamos prosear sobre “Asa Branca – A Voz da Arena” (Paris Filmes).

Nesse longa, vamos conhecer a história do grande locutor de rodeios Asa Branca. Wandemar Rui dos Santos – interpretado por Felipe Simas – era um jovem peão, que começou limpando estábulos, mas que tentava a sorte montando em touros e cavalos. Até que um grave acidente em um rodeio mudou sua vida. Mas não seria esse percalço que o pararia. A partir deste ponto, vamos acompanhar os altos e baixos da história de um dos ícones dos rodeios brasileiros.

Antes de falar sobre o longa em si, preciso falar sobre o trabalho de Felipe Simas. Recentemente o assisti em “Tremembé” e, agora, dando vida a Asa Branca. Ele conseguiu interpretar personagens completamente distintos, mostrando as nuances das personalidades de cada um. É algo que acho algo fascinante na atuação. Dito isso, vamos ao filme.

Essa poderia ser mais uma cinebiografia genérica de enciclopédia on-line, onde se fala superficialmente sobre a vida do artista. Exaltam-se os acertos e os erros são atenuados. Porém, felizmente, “Asa Branca – A Voz da Arena” tem personalidade própria e não tem medo de mostrar os erros e os perrengues passados pelo personagem-título. Mas, admito, a questão de criar um “final feliz” acaba incomodando um pouco.

No filme, vemos que tudo aquilo que é exagero tende a ser perigoso. O protagonista tem muita imaginação e se deixa levar por grandes ideias. E, mesmo não conseguindo montar depois do seu acidente, encontra na locução uma maneira de se manter no mundo dos rodeios.

Se fosse só isso, tudo bem, não teríamos grandes problemas. Ele tinha, sim, uma visão dos rodeios diferente do tradicional para a época. Asa Branca percebia que havia a necessidade de mudanças, mas existia um grande receio de ir contra o tradicional. De que a transformação do rodeio em um grande espetáculo de entretenimento fosse mal vista ou compreendida.

A forma impulsiva e muitas vezes irresponsável levava a consquências ruins. Asa Branca era muito sonhador, sim. Mas não tinha os pés no chão para agir de forma racional. Ele sempre queria mais. Acabou conseguindo tudo o que queria, mas foi como construir um castelo de cartas: sem uma base firme, tudo acabou ruindo.

Em uma de suas impulsividades, ele acaba saindo em viagem e dizendo para sua noiva que, no retorno, eles se casariam. O que acaba não se cumprindo, pois ele retorna muitos meses depois do que havia dito, entre outras questões. O protagonista tenta conversar, querendo se redimir, mas ela fala o quanto sofreu com suas atitudes e lhe diz “não”. De início, até fiquei surpreso: “nossa ele está realmente colhendo aquilo que sua inconsequência plantou”.

Ritmo acelerado atrapalha

Poucas coisas me incomodaram assistindo ao filme. Um pouco são as saídas fáceis de roteiro para “acelerar” alguns acontecimentos. Ou então a caracterização do personagem que, em um momento, me desconectou do filme. É aquela sensação de: ou você abraça, ou vai achar estranho. Mas, fora isso, foi uma experiência bem positiva.

Mas, como comentei no início, o roteiro “acelera” o final feliz de Asa Branca. Não estou dizendo que não devemos perdoar as pessoas, como acontece na história. Mas parece que o final do longa foi apressado para terminar com o perdão da ex-noiva. Esse foi o ponto negativo que mais me pegou.

“Asa Branca – A Voz da Arena” é uma forma de conhecer uma cultura tão rica e que as pessoas tem alegria em viver e compartilhar. Nos permite entender um pouco como funcionam os rodeios. Conseguimos até perceber a paixão que o protagonista tem pela sua profissão, ao ponto de encontrar meios de se manter, mesmo não montando mais.

O filme é, no geral, um bom entretenimento e traz para a grande tela a celebração de uma cultura, até então distante para parte do público. Por hoje é isso, meus queridos. Um abraço do Thi.

Seu negócio no Agora RS!

Fale com nosso time comercial e descubra como veicular campanhas de alto impacto, personalizadas para o seu público.