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Como foi a volta de "Tubarão" à Cinemateca Capitólio

Em 1975, o blockbuster de Steven Spielberg foi exibido no então Cine-Theatro.

Crédito: Leonardo Severo / Agora RS
Crédito: Leonardo Severo / Agora RS

Após 48 anos Tubarão (Jaws, 1975) foi reexibido na Cinemateca Capitólio. A sessão ocorreu no último dia 31 de março como encerramento do ciclo Fim de Verão. O evento terminou com um debate com o diretor e pesquisador Giordano Gio.

O filme dispensa apresentações, sendo considerado um clássico dos cinemas. É uma das grandes obras de Steven Spielberg juntamente com a trilha icônica de John Williams. Como se não bastasse, o longa conquistou três prêmios no Oscar. Você pode não ter assistido ao filme, mas o conhece. E caso ainda não tenha assistido, recomendo porque vale a experiência.

Dito isso, gostaria de primeiramente parabenizar a equipe da Cinemateca Capitólio pela iniciativa que – apesar dos imprevistos climáticos – proporcionou uma experiência incrível e imersiva. Particularmente, ainda não havia assistido a essa obra clássica dos cinemas, mas tive esse privilégio nessa última noite.

Crédito: reprodução / Universal Studios (1975)

É incrível como um filme de 1975 consegue “funcionar” nos dias atuais. Visto que, hoje em dia, portamos de inúmeros avanços nos quesitos de tecnologia e efeitos gráficos. A sensação que tive foi de que, quando um filme é bem feito, bem executado, pode passar o tempo que for, ele vai ser referência.

Inclusive isso foi uma das pautas no debate com o diretor Giordano Gio. Apesar da tecnologia do filme estar quase 50 anos “atrasada”, isso não atrapalha em nada a experiência do espectador. Lembro que esse era um dos meus receios ao ir assistir o filme. Ter algum tipo de estranhamento por ser uma obra mais antiga, mas fui positivamente surpreendido.

Um filme em que você não necessariamente visualiza o vilão em tela. Mas você sente o medo, sente a tensão, você submerge na história com os personagens, querendo saber como tudo vai se solucionar. Os dramas familiares, as questões de fechar ou não a praia para proteção das pessoas, visto que é uma cidade turística onde o sustento de grande parte dos cidadãos é por causa da praia. É incrível ver como essa obra traz questões que funcionam plenamente nos dias atuais.

Escalada de tensão

Uma das cenas que chamou atenção (alerta de spoiler) é o receio que as pessoas ainda tem de entrar na água com medo de o perigo ainda estar lá. Mas o prefeito da cidade chega a um dos cidadãos e pede para que ele e sua família entrem na água. Colocar em risco a vida das pessoas para não fechar a praia e ter prejuízos financeiros ou interditar de vez? O filme faz com que a gente se importe pelos personagens e se sinta como eles.

Algo que, infelizmente, está sendo um tanto raro nos dias atuais. Não que eu ache o uso de tecnologia ou de CGI (computação gráfica) um problema. Mas quantas obras atuais fazem o uso, muitas vezes excessivo, desses meios e acabam se perdendo? Obras que o espectador acaba não se importando ou imergindo na história.

O próprio tubarão – que é a grande ameaça nesse filme – aparece em cena apenas o tempo necessário para deixar o espectador tenso ao assistir. Particularmente, aquilo que eu desconheço me causa mais aflição do que ver de fato. Nem sempre a gente precisa ver de fato o “vilão” para sentir medo dele, o que alguns filmes atuais pecam nesse sentido.

Ou pior: entregando um vilão com efeitos gráficos que não são tão bem produzidos, aparecendo o tempo todo em tela e causando um efeito contrário ao medo ou a tensão que era para estar ocorrendo. Tubarão (Jaws) é um ótimo exemplo disso: a gente não vê o perigo em cena o tempo todo, mas sabemos que ele está ali, o que nos deixa aflitos até o momento em que os créditos sobem.

Gostaria de encerrar, novamente parabenizando a Cinemateca Capitólio por proporcionar esse momento incrível. Foi como voltar ao passado e assistir essa grande obra 48 anos atrás. E caso você ainda não tenha assistido, deixo aqui minha recomendação. Vou deixar abaixo o trailer e a trilha sonora. Um abraço do Thi e nos vemos no próximo encontro.

Trailer de Tubarão (Jaws, 1975)

Trilha sonora do filme