Lesões vermelhas na pele, principalmente nos braços, joelhos e pescoço, que dão coceiras persistentes, mas não são transmissíveis.
Esses podem ser sintomas da dermatite atópica, doença que atinge cerca de 20% das crianças no mundo. No Brasil, a patologia atinge 8% do público infantil e 5% dos adolescentes e adultos.
Vale lembrar que 85% dos casos acontecem antes dos cinco anos de vida e 70% deles desaparecem antes da adolescência. Na idade adulta, este tipo de dermatite costuma surgir entre os 20 e 40 anos de idade.
Os dados são da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia). Para compreender como essa enfermidade se manifesta e de que forma pode ser tratada, conversamos com dois médicos.
Quais são as fases da dermatite atópica?
De acordo com o dermatologista André Vicente Esteves de Carvalho, a dermatite atópica é uma doença heterogênea da pele, na qual fatores genéticos e do meio ambiente acabam por gerar lesões que provocam muita coceira no paciente.
“No início, apresenta características avermelhadas, mais intensa e com superfície úmida, por saída de líquido da pele. Já na fase mais tardia, o ato de coçar e a mudança no padrão da inflamação levam a lesões secas, mais espessas, que acentuam as linhas da pele. A coceira, entretanto, permanece em todas as etapas da doença”, explica.
Como é o tratamento da dermatite atópica?
Segundo Carvalho, o tratamento depende da gravidade da dermatite atópica e de quanto ela impacta a vida do paciente.
“Hidratantes e corticóides tópicos são usados na doença localizada e na leve. Medicações imunossupressoras, novos medicamentos imunobiológicos e bloqueadores de pequenas moléculas são usados na doença grave. Apesar de, até este momento, não ter cura definitiva, novas medicações são extremamente eficazes no controle da dermatite atópica”, avalia.
O que pode servir de gatilho para a dermatite atópica?
Conforme o dermatologista Daniel Lorenzini, o estresse é um gatilho comum para uma crise. “Esse estado de ânimo cria mais ansiedade e aumento no número de surtos e ocorrência da doença”, analisa.
“Com a pandemia de Covid-19, alguns casos se agravaram pela dificuldade dos pacientes irem às consultas. Muitos tinham medo de sair de casa e ficaram um tempo sem tratamento”, reconhece.
A AADA (Associação de Apoio à Dermatite Atópica) concorda que a maioria dos pacientes nota que situações estressantes podem causar uma piora da doença.
Conforme AADA, raiva, ansiedade e frustrações podem levar ao aumento da vermelhidão e da coceira, resultando na perpetuação da dermatite atópica. Assim, a entidade sugere a adoção de algumas práticas que podem auxiliar, como priorizar e organizar o tempo, praticar exercício físico aeróbico, ouvir música, ler e até meditar.
Outros métodos para o controle do estresse podem requerer assistência profissional, com auxílio de um psicólogo ou a participação em grupos de apoio com pessoas que sofrem da mesma doença.