A última edição da Caminhada Porto Alegre Mal Assombrada deste ano, realizada no último sábado (16), levou participantes a uma imersão na história e nos mistérios da Capital gaúcha. Conduzido pelo artista André Hernandez, o passeio visitou pontos emblemáticos da cidade, como o Museu Júlio de Castilhos e a Igreja das Dores.
O evento trouxe à tona reflexões sobre lendas urbanas e os segredos que ajudam a moldar a identidade de Porto Alegre. Posso afirmar a vocês que foi uma grande experiência. Se você gosta de conhecer mais sobre a cidade com uma pitada de mistério essa caminhada não pode faltar na sua lista.
A viagem pela Porto Alegre antiga
O artista André Hernandez Neto convida os participantes a embarcarem em uma cápsula do tempo, para voltar na antiga Porto Alegre do século 18 e 19. Todos temos nossas diferenças, mas é um momento para deixar nossas crenças de lado e mergulhar nas histórias.
Devo ressaltar aqui o quão incrível é participar de um projeto assim, feito com muita paixão. O participante realmente imerge na história.
Hernandez conduz o público na caminhada, onde compartilha não somente aquilo que ele pesquisou por anos. Mas também histórias que tanto ele quanto sua família vivenciaram. Esse bate-papo faz com que o trajeto de cerca de 3 horas passe rapidamente.
O museu é assombrado?
Nossa cápsula do tempo nos leva para a antiga Porto Alegre e nossa primeira parada é na casa mal assombrada, ou melhor dizendo: a casa de Júlio de Castilhos. O mais antigo museu do Estado em atividade. Já tive a oportunidade de conhecer o casarão em uma das edições d’Os caminhos da Matriz, dessa vez por um outro prisma. Hernandez consegue relatar – com maestria – o que muitos já sabem sobre a história com um toque de mistério.
O Alto da Praia e o cemitério da Catedral
A Caminhada Porto Alegre Mal Assombrada segue para o Alto da Praia, a Praça da Matriz. Hernandez nos leva para a Porto Alegre onde víamos os grandes poderes em torno da praça, com o Guaíba ao fundo. Sem as construções modernas, ou luz elétrica.
E vamos mais a fundo na história, tanto da praça quanto da Igreja. Ao anoitecer, já estamos ouvindo sobre o cemitério atrás da igreja e o açougue de carne humana. Mais uma grande lenda contada ao longo dos anos, mas será mesmo uma lenda?
O Beco da Formiga e o Alto da Bronze
Descendo o Beco da Formiga, o grupo faz uma breve pausa no Café Mal Assombrado. Depois, seguimos para o Alto da Bronze, no fim da rua Fernando Machado. Um dos grandes momentos onde, além de conhecer mais sobre o local, descobrimos o motivo deste nome.
Após conhecer a história, é possível refletir um pouco tanto sobre os privilégios que hoje temos, assim como certos preconceitos que nossa sociedade mascara através de piadas e apelidos. Mais do que isso: faz pensar até onde chega o ser humano na sua ambição de ter poder sobre os demais.
A forca e a igreja
Nossos últimos pontos são o Largo da Forca e a Igreja das Dores. Não quero entrar em muitos detalhes, pois quero te instigar a participar das próximas edições. Mas, de fato, Hernandez consegue trazer história e reflexão durante todo o trajeto.
No último ponto, nós embarcamos novamente na capsula do tempo para voltar ao presente, por sorte não fiquei preso no trajeto. Encerramos o passeio com uma vontade de repetir e também com várias reflexões adquiridas no percurso.
Lenda ou uma verdade que precisa ser esquecida?
A principal reflexão que fica desse passeio é que como Porto Alegre e seu povo tem a ambição de reescrever a história. A Paris tupinambá tenta transformar fatos verídicos – mas nem sempre bem contatos – em lendas. Uma tentativa de rasgar do livro as páginas que não são positivas e reescrever loucura, devaneio. O que nos diferencia das pessoas da Porto Alegre de anos atrás para os tempos atuais?
André Hernandez conseguiu me levar para um passeio e instigar minha curiosidade sobre diversos temas. Inclusive ótimos livros estão disponíveis no Café Mal Assombrado. Ele encerra o passeio com uma frase do nosso querido poeta Mário Quintana: “Olho o mapa da cidade como quem examinasse a anatomia de um corpo”. Será que temos essa coragem?