Trinta e um presos são mortos durante rebelião em presídio de Boa Vista

De acordo com a secretaria, a ação aconteceu por volta das 2h30, quando um grupo de apenados deixou as celas e iniciou a chacina.

Entrada da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo. Foto: Reprodução/Google StreetView/Google (Arquivo)

Trinta e um presos da Pamc (Penitenciária Agrícola de Monte Cristo), na zona Rural de Boa Vista (RR), foram mortos nesta sexta-feira (6). Segundo a Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania, o tumulto na unidade começou durante a madrugada. A chacina ocorre menos de uma semana depois da morte de 56 presos em uma penitenciária do Amazonas.

De acordo com a secretaria, o motim ocorreu por volta das 2h30, quando um grupo de apenados deixou as celas e iniciou a chacina. A pasta informou que equipes do Bope (Batalhão de Operações Especiais) e da PM (Polícia Militar) estão na unidade e que os presos já foram recolocados em suas celas.

No ano passado, na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, e na Penitenciária Ênio dos Santos Pinheiro, diferenças entre uma facção paulista e outra de origem carioca, causaram a morte de 18 detentos. Na ocasião, José Serra, ministro das Relações Exteriores, disse que a solução para a violência e as violações de direitos humanos nos presídios passa por uma reforma do sistema prisional.

Nesta quinta-feira (5), sob pressão por causa da tensão no desastroso sistema carcerário brasileiro, o Governo Temer se apressou para lançar um Plano Nacional de Segurança.

Terceiro maior massacre

A rebelião que causou trinta e uma mortes na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo é o terceiro maior massacre em presídios do Brasil. O massacre só fica atrás dos episódios do Carandiru (SP), onde 111 presos foram mortos, e de Manaus (AM), com 56 mortes.

De acordo com a imprensa local, que divulgou imagens como sendo da rebelião desta sexta-feira, presos podem ter sido decapitados. O presídio é administrado pelo próprio Estado.

Penitenciária abriga quase o dobro de sua capacidade

Palco de mais uma chacina de presos, a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, abriga quase o dobro da sua capacidade de detentos. Esta é a maior unidade prisional de Roraima. Segundo a Secretaria de Justiça e Cidadania de Roraima, o estabelecimento prisional comporta até 750 detentos. No entanto, até essa quarta-feira (4), acolhia 1.456. É mais que a metade dos 2.621 reeducandos do estado.

Só o total de presos provisórios – 898 – já supera em muito a capacidade da penitenciária, que é a maior do Estado e é administrada pelo Governo Estadual. 458 já sentenciados cumprem pena no regime fechado e 100 no regime semiaberto.

Há ainda 19 presos que, por motivo de saúde, foram autorizados pela Justiça a cumprir a pena ou aguardar a sentença em regime domiciliar, ou seja, em casa.

Nota do governo de Roraima

“A Secretaria de Justiça e Cidadania informa que nesta madrugada (dia 6) foram registradas 31 mortes na Pamc (Penitenciária Agrícola de Monte Cristo).

Esclarece que a situação está sob controle e que o Bope (Batalhão de Operações Especiais) da PMRR (Polícia Militar) está nas alas do referido presídio.”

Alteração no número de mortes

A Secretaria de Justiça e Cidadania de Roraima informou, na noite de sexta-feira (6), por meio de nota, que o massacre deixou 31 mortos. Durante todo o dia, a secretaria havia informado que era de 33 o número de vítimas. Segundo a nota, a revisão ocorreu após o trabalho da perícia.

De acordo com a Secretaria de Justiça e Cidadania, 22 corpos já foram periciados e quatro identificados e liberados para as famílias.

Temer lamenta massacre

No início da tarde, por meio de nota, o presidente Michel Temer lamentou o episódio, se solidarizou com a população do estado e colocou “todos os meios federais à disposição” da governadora Suely Campos, de modo a auxiliar as ações de segurança pública

Conforme comunicado divulgado pelo Palácio do Planalto, em conversa por telefone com Temer, a governadora disse que a situação no presídio estava sob controle e que, “naquele momento”, não seria necessária a presença federal em Roraima.