Testemunha volta atrás em versão no caso das crianças esquartejadas em Novo Hamburgo

A Polícia Civil confirmou apenas que uma pessoa foi presa em virtude de falso testemunho e denunciação caluniosa no caso. A prisão ocorreu nesta quarta-feira (7). 

O caso das crianças que, supostamente, teriam sido esquartejadas em um ritual de magia negra em busca de prosperidade teve uma nova reviravolta. Uma das duas pessoas arroladas no processo como testemunhas do ato criminoso voltou atrás e se disse pressionada a mentir aos investigadores.

A Polícia Civil confirmou apenas que uma pessoa foi presa em virtude de falso testemunho e denunciação caluniosa no caso. A prisão ocorreu nesta quarta-feira (7). Uma coletiva às 16h de hoje dará mais detalhes sobre a mudança nos rumos da apuração policial.

Ainda não há definição sobre os cinco suspeitos presos durante as investigações. Uma decisão judicial a ser proferida hoje pode mudar de vez os rumos das investigações.

Como a polícia acreditava que tinha ocorrido a morte das crianças

A morte de duas crianças, ainda não identificadas, teria ocorrido em uma cerimônia de sacrifício a um deus pagão em setembro do ano passado. Os crimes, apontados pela investigação teriam sido feitos a pedido de dois empresários de Novo Hamburgo. As vítimas eram uma menina de 10 a 12 anos e um menino de 8 a 10, que eram filhos da mesma mãe, mas tinham pais diferentes.

Os empresários Paulo Ademir Norbert da Silva, o “Paulo Dimas” e Jair da Silva, o “Jair dos Porcos”, teriam pago R$ 25 mil à vista para Sílvio Fernandes Rodrigues, autointitulado “mestre e bruxo”. A oferenda ao deus Moloque ocorreria em troca de prosperidade nos negócios que os acusados possuem no ramo imobiliário.

A descoberta da morte das crianças ocorreu em 4 de setembro de 2017 quando parte dos corpos foram encontrados às margens da rua Porto das Tranqueiras, no bairro Lomba Grande, em Novo Hamburgo. Os cadáveres esquartejados estavam em sacos colocadas dentro de caixas de uma marca de sabão em pó de Pernambuco e que não é vendida no Rio Grande do Sul.

Exatamente duas semanas depois, mais partes dos cadáveres foram encontradas às margens da via de chão batido. Desta vez, porém, em uma área ainda mais afastada do que a anterior.

O trabalho da polícia prosseguiu sem muitas pistas até que surgiu a hipótese de que as crianças pudessem ter sido mortas em um ritual satanista. A conclusão surgiu pela forma específica que os corpos foram mutilados. A hipótese de vingança em um crime passional e tráfico de drogas também chegaram a ser cogitadas pela Polícia Civil.

O sacrifício seria uma oferenda ao deus pagão Moloque, representado por uma figura metade homem, metade boi, encontrada dentro do templo de “mestre” Sílvio. Rituais descritos na Bíblia apontam que os amonitas, um povo que ocupou uma área ao leste do Rio Jordão, na atual Jordânia, ofereciam crianças vivas em sacrifício à entidade. Elas eram mutiladas e mortas diante de uma estátua que o representava.

Quem são as vítimas

Perícia feita nos corpos apontou que as crianças foram mortas e esquartejadas. Há suspeita, com base na necropsia, que as vítimas foram decapitadas e tiveram todo o sangue retirado dos corpos. Há indícios, também, de canibalismo, o que reforça ainda mais a tese de ritual macabro.

Os crânios não foram encontrados até agora, quase cinco meses depois que as ossadas foram descobertas. Sem as cabeças, a polícia não consegue reconstruir, digitalmente, a face das vítimas e buscar por crianças desaparecidas que tenham as mesmas características físicas. Uma das hipóteses da investigação é que a mãe das crianças também tenha sido morta.