Programa executado pelo Tesouro Nacional em momentos de crise, a recompra de títulos públicos somou R$ 35,5 bilhões desde o último dia 12. Essa foi a maior atuação da história, superando a recompra de R$ 22 bilhões durante a greve dos caminhoneiros, em maio e junho de 2018.
Por meio do programa, o Tesouro compra de volta papéis que ainda não venceram para tranquilizar o mercado. Além de fornecer um referencial para os juros de mercado, essas operações reduzem as perdas de investidores com a oscilação de preços em papéis prefixados e indexados à inflação. Os recursos usados para as recompras vêm, em grande parte, do colchão da dívida pública, reserva financeira para ser usada em momentos de crise equivalente a cerca de seis meses de vencimento dos títulos públicos.
Segundo o Tesouro Nacional, não há um teto de atuação, e serão recomprados quantos títulos forem necessários. O órgão admitiu ser necessário alterar o Plano Anual de Financiamento (PAF), documento que projeta parâmetros para a dívida pública, lançado no fim de janeiro. O momento exato da alteração, no entanto, ainda depende de cálculos e de informações que estão sendo coletadas no mercado.
De acordo com o Tesouro, é possível que haja alterações em praticamente todos os indicadores do PAF. O órgão informou que não necessariamente haverá incremento na emissão de títulos atrelados à taxa Selic, os únicos papéis que não sofrem com a oscilação de mercado. É provável que os novos leilões sejam feitos com vencimentos mais curtos, para ajustar os lançamentos do Tesouro às atuais condições do mercado.
Por meio da dívida pública, o governo pega dinheiro emprestado dos investidores para cobrir as necessidades de financiamento. Em troca, compromete-se a devolver os recursos com alguma correção, que pode seguir a taxa Selic, a inflação, o câmbio ou ser prefixada (definida com antecedência). Quanto maior a desconfiança, como em momentos de crise, maiores são as taxas de juros e menores os prazos de vencimento pedidos pelo mercado.