O Museu Afro Brasil inaugurou, nesta quarta-feira (20), um conjunto de exposições para celebrar o Dia da Consciência Negra e em homenagem aos 15 anos da instituição, localizada no Parque do Ibirapuera, na capital pailista. . O fotógrafo Walter Firmo, o artista plástico João Câmara, o poeta Castro Alves e jovens artistas contemporâneos da Bahia estão entre os destaques da mostra, que reúne mais de 300 obras.
Para o coordenador de Desenvolvimento Institucional do Museu Afro Brasil, Marcio Farias, o conjunto de exposições permite uma conexão e um debate entre as produções clássicas e contemporâneas. “A [exposição] do Walter Firmo, com fotografias sobre Artur Bispo do Rosário, é um tema dos mais emblemáticos para pensarmos discussões contemporâneas, porque, além do registro em si das fotografias, com a qualidade das fotografias desse importante fotógrafo, o [artista] Artur Bispo do Rosário é uma figura muito importante”, disse Farias.
Intitulada Ensaio sobre Bispo do Rosário, a mostra inclui 23 imagens do artista, que foi interno durante quase toda a vida na Colônia Psiquiátrica Juliano Moreira, no Rio de Janeiro. Bispo do Rosário (1911-1989) foi retratado no ensaio fotográfico produzido por Walter Firmo em 1985.
“De um lado, está toda a discussão sobre saúde mental no Brasil: ele [Bispo do Rosário] foi uma figura emblemática, uma das figuras mais importantes. A luta contra a internação e a luta contra os manicômios tem nele uma referência, porque ficou internado boa parte do tempo e ainda assim tem uma produção artística das mais significativas”, lembrou Farias.
Outro destaque são as gravuras aquareladas de Johan Moritz Rugendas (1802-1858), que contextualizam a vida da população negra escravizada do século 19. “São documentos históricos, que passam a fazer parte do acervo do Museu Afro Brasil, é uma doação do Ruy Souza e Silva, e a maior parte de nós estuda nos livros didáticos com essas imagens, elas são emblemáticas para o registro histórico do país no século 19. Elas têm um valor histórico fundamental”, disse.
As imagens foram publicadas originalmente no álbum Voyage Pittoresque dans le Brésil (Viagem Pitoresca no Brasil), editado em Paris pela Casa Engelmann & Cia, entre 1827 e 1835. Conforme divulgou a organização da mostra, Rugendas chegou ao Brasil em 1821 como documentarista e desenhista da Expedição Langsdorff, que percorreu 16 mil quilômetros pelo país a fim de constituir um inventário completo do Brasil.
A exposição João Câmara – Trajetória e Obra de um Artista Brasileiro inclui 50 obras, entre pinturas e litografias, do artista paraibano radicado em Pernambuco, que busca refletir em sua obra as raízes da cultura nacional.
As outras mostras que estão abertas ao público são: Castro Alves – 150 Anos do Poema O Navio Negreiro, instalação de Emanoel Araújo; Rommulo Vieira Conceição – Tudo que É Sólido Desmancha no Ar; A Geometria de Paulo Pereira; Anderson AC – Pintura Muralista e Elvinho Rocha – Pinturas do Inconsciente. Haverá ainda um painel em homenagem aos 150 anos de nascimento da mãe de santo baiana Mãe Aninha (Eugênia Anna dos Santos), fechando o núcleo brasileiro da mostra.
Os artistas estrangeiros estão representados no conjunto de exposições pelo trabalho de Alphonse Yémadjè – Símbolos dos Reis Ancestrais do Benim; Euloge Glélé – Esculturas dos Deuses Africanos do Benim. Já a exposição Arte Nativa – África, América Latina, Ásia e Oceania reúne máscaras e esculturas dos quatro continentes visitados pelo colecionador francês radicado no Brasil Christian Jack-Heymès e a mostra Fragmentos Linchados inclui seis esculturas em ferro de Melvin Edwards.