Cotidiano

SP começa a ter declínio na curva de óbitos por covid-19, diz Doria

Completando 100 dias de quarentena hoje (1º), o estado de São Paulo começa a mostrar declínio na curva de óbitos pelo novo coronavírus e pode estar entrando em um platô – situação de pico contínuo, com estabilidade de indicadores. A afirmação é do governador de São Paulo, João Doria. O estado ultrapassou hoje a marca de 15 mil óbitos provocados pelo novo coronavírus.

“Dados do nosso comitê de saúde indicam uma mudança na curva da pandemia no estado de São Paulo, especialmente na capital paulista”, disse o governador hoje (1º). “Fechamos o mês de junho na margem inferior da projeção de óbitos. Centenas de vidas foram poupadas em junho. Pela primeira vez, desde o início da pandemia, tivemos um leve declínio na curva de vítimas fatais. Conseguimos reduzir em 144 falecimentos na última semana [na comparação com a semana anterior]. Não quero ser otimista e nem pessimista. Quero ser realista. Esses dados nos dão esperança de que São Paulo está chegando próximo do platô, que é a faixa superior e terá uma certa horizontalidade. Na sequência, esperamos o decréscimo de pessoas infectadas e principalmente de vítimas”, acrescentou.

A taxa de letalidade da doença no estado, e que demonstra a gravidade da doença entre os que estão infectados, está atualmente na faixa de 5,2%. Mas, segundo o secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, há 57 municípios do estado que apresentam uma taxa de letalidade acima de 10%, o que preocupa o governo. “O governo do estado vai fazer duas ações importantíssimas com esses 57 municípios. Vamos fazer uma política de testagem mais contundente e, no paralelo, uma vez que nenhum deles tem uma ocupação [de leitos] superior a 80%, também faremos uma qualificação das equipes de saúde”, disse Vinholi.

Balanço do estado

São 15.030 óbitos contabilizados, 267 deles nas últimas 24 horas, acréscimo de 1,8% em relação ao dia anterior. “Isso tem se repetido [a mesma porcentagem de aumento em relação ao dia anterior]. Isso significa que podemos já estar em um platô [de óbitos] no estado de São Paulo”, falou José Henrique Germann, secretário estadual da Saúde.

Até este momento, o estado registra 289.935 casos confirmados da doença, com 8.555 novos casos contabilizados nas últimas 24 horas. “No acréscimo de casos de ontem para hoje, 55% foi decorrente de casos ativos”, disse Germann.

Tanto o número de casos quanto o de óbitos fecharam o mês de junho dentro da previsão que era estimada pelo Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo. A projeção era de até 290 mil casos e 18 mil mortes até o final do mês.

O estado contabiliza ainda 157.845 pacientes recuperados da doença, entre pessoas que estiveram ou não internadas. “É o estado do país com maior número de pacientes recuperados”, disse Doria.

Há 5.422 pessoas internadas em unidades de terapia intensiva (UTI) de todo o estado, em casos suspeitos ou confirmados de coronavírus, e 7.999 em enfermarias. A taxa de ocupação de leitos de UTI no estado está em torno de 64,4%, enquanto na Grande São Paulo a média gira em torno de 65,4%.

Estabilidade na região metropolitana e aumento no interior

Dados apresentados hoje (1º) pelo Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo demonstraram que a capital paulista vem demonstrando certa estabilidade no número de mortes provocados pelo coronavírus nas últimas seis semanas, que correspondem às semanas epidemiológicas 21 e 26.

Nesse intervalo, a capital apresentou 699 mortes na 21ª semana epidemiológica, 748 na 22ª semana, 662 na 23ª semana, 698 na 24ª semana, 772 na 25ª semana e 611 na semana passada, a semana 26. “Estamos há seis semanas sem demonstração de crescimento no número de óbitos [na capital]”, disse João Gabbardo, secretário-executivo do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo.

Já no interior, os dados mostram um avanço crescente das mortes nessas semanas, com 658 mortes na 21ª semana, 739 (semana 22), 864 (semana 23), 825 (semana 24), 1.141 (semana 25) e 1.158 (semana 26).  “No interior, diferente da capital, o número continua aumentando nas últimas semanas. Só no comparativo da semana 25 com a semana 26 é que os dados ficaram sem demonstração de crescimento”, explicou Gabbardo.

Na comparação entre o dia 3 de junho e 30 de junho, a capital paulista apresentou acréscimo de 90,36% no número de casos e de 56,92% em relação aos óbitos. Já no interior, a variação nesse mesmo período foi muito superior: 172% de aumento no número de casos e de 104,76% no número de óbitos. “No final do mês de junho, a diferença [entre capital e interior] é bem maior, mostrando o crescimento ou pelo menos estabilização de casos no interior e uma redução no número de óbitos na capital”, disse Gabbardo.