O Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia terminou neste sábado (26), no Vaticano, com um documento final que reúne uma série de propostas para a atuação da Igreja Católica na região sul-americana.
Com 120 pontos, o mais polêmico que aparece no documento se refere à ordenação de homens casados para suprir a falta de padres na Amazônia, assim como de mulheres para o diaconato feminino. No documento, os participantes do Sínodo deixaram claro que “apreciam o celibato como um dom de Deus”, mas apontaram que seria possível estabelecer critérios para “ordenar sacerdotes homens idôneos e reconhecidos da comunidade, que tenham um diaconato permanente fecundo e recebam formação adequada para o presbiterado, podendo ter família legitimamente constituída e estável”.
Isso não significa que, agora, padres possam se casar, mas apenas abre a possibilidade para que homens já casados e com famílias constituídas assumam funções de sacerdócio, como forma de aumentar a presença da Igreja em áreas remotas. “Nas múltiplas consultas realizadas no espaço amazônico, se reconheceu e enfatizou o papel fundamental das religiosas e das mulheres leigas na Igreja da Amazônia e em suas comunidades, dados os múltiplos serviços que prestam. Em grande número dessas consultas, o diaconato permanente foi solicitado para as mulheres”, citou também o documento.
Em outro ponto, falou-se sobre a destruição da Amazônia e sobre as “ameaças à vida”. “Todos os participantes expressaram uma grande consciência da dramática situação de destruição que afeta a Amazônia. Isso significa o desaparecimento do território e dos seus habitantes, especialmente os povos indígenas. A floresta amazônica é um ‘coração biológico’ para a terra cada vez mais ameaçada.Ele está em uma corrida desenfreada rumo à morte”, ressaltou o texto final.
A questão migratória, os deslocamentos forçados de indígenas e a urbanização da Amazônia também apareceram no documento do Sínodo. “As famílias frequentemente sofrem com pobreza, falta de moradia, falta de trabalho, aumento do consumo de drogas e álcool, discriminação e suicídio infantil”, destacou o texto.
Em outro ponto, os participantes do Sínodo se disseram dispostos a ficar ao lado dos “dos povos amazônicos para denunciar os ataques à vida das comunidades indígenas, os projetos que afetam o meio ambiente, a falta de demarcação de seus territórios e o modelo de desenvolvimento econômico depredador”.
“O Sínodo quis abrir novos caminhos ao anúncio do Evangelho”, disse o papa Francisco neste domingo (27), negando que se trata de um texto político ou ideológico.
O documento final foi votado por 185 prelados e todos os pontos apresentados receberam dois terços dos votos necessários. O texto, agora, passará pela análise do papa Francisco, que convocou o Sínodo para a Amazônia.
Caberá ao Pontífice decidir quais propostas serão adotadas de fato pela Igreja. O Papa também sinalizou que pretende tomar as decisões ainda neste ano. Jorge Mario Bergoglio tem o tema o meio ambiente e da Amazônia como um dos pilares de seu pontificado.