Sindicalistas fazem mobilização em Rio Grande em defesa do Polo Naval

Do Diário Popular


O temor sobre o destino do Polo Naval na região Sul assombra milhares de trabalhadores do setor. Na contramão estão os comerciantes de São José do Norte, que parecem colher os primeiros frutos dos investimentos provenientes do setor petrolífero. O casco da plataforma P-74 ainda não chegou ao município, está atrasado, mas isso não é motivo para pessimismo neste momento, pelo menos para os empresários. Do outro lado, a sensação de insegurança toma conta e um grande ato de mobilização em defesa do Polo Naval será realizado nesta quinta-feira com a participação de sindicatos de várias cidades.
Desde às 2h 30min, manifestantes de cerca de 20 sindicatos, liderados pelos metalúrgicos e com apoio do Movimento Sem Terra e CUT (Central Única de Trabalhadores) bloqueavam dois pontos da BR-392 – ponte dos Franceses e entre frente ao estaleiro Rio Grande, impedindo a entrada de empregados. No trecho de acesso à Furg também havia manifestações. Só estava sendo permitida a passagem de quem estava nas empresas, pessoas doentes e ambulâncias. Durante a madrugada apenas um caminhão tentou passar pelo local e foi barrado pelos manifestantes.
Medo da crise? Não!
Mesmo em meio a uma possível crise econômica, muitos ainda acreditam que o desenvolvimento veio para ficar. A equipe do Diário Popular conversou com empresários locais e a maioria já sente no bolso os benefícios de abrir o próprio negócio ou ampliar o existente.
O casal proprietário do Restaurante Atalaia, Celita Roig e Luis Carlos Machado, comemora o crescimento de 40% no movimento do estabelecimento, instalado há quase 40 anos na Praia do Mar Grosso. Além da temporada de veraneio, o motivo é atribuído à implantação da EBR (Estaleiros do Brasil S.A.), em São José do Norte. “Recebemos diariamente muitos funcionários da empresa no horário do almoço. Aos poucos estamos colhendo os frutos, mesmo com o atraso nas obras da plataforma. Para nós isso não influencia em nada”, diz Celita.
Destino de estaleiros sob ameaça
Mas, já se não bastassem as preocupações a curto prazo com as consequências da Operação Lava Jato na indústria naval, a decisão anunciada no final de 2014 pela Petrobras põe em risco o futuro dos estaleiros em Rio Grande, controlados pela Engevix e pela Queiroz Galvão, e do localizado em São José do Norte, que tem a Setal como sócia. A estatal decidiu que empresas envolvidas no escândalo estão temporariamente impedidas de participar de novas licitações. Somente as encomendas em andamento estão preservadas.
Preocupados com a possível estagnação da indústria oceânica, os trabalhadores rio-grandinos e nortenses fizeram durante todo o dia protestos em defesa do setor, dos empregos e dos direitos.