Sérgio Cabral, ex-governador do RJ pelo PMDB, é preso em desmembramento da Operação Lava Jato

Os investigadores apuram o desvio mais de R$ 220 milhões de recursos públicos federais em obras realizadas pelo governo do Estado.

Um dia após o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho ser preso, hoje foi a vez de Sérgio Cabral – também ex-governador do Estado – ser alvo de uma operação policial, desta vez em um desmembramento da Operação Lava Jato. Ele foi preso na manhã desta quinta (17) em seu apartamento no Leblon, zona sul da capital fluminense.

Os investigadores apuram o desvio mais de R$ 220 milhões de recursos públicos federais em obras realizadas pelo governo do Estado. São investigados também corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa.

Segundo a Polícia Federal, foram identificados fortes indícios de cartelização de grandes obras executadas. Haveria pagamento de propinas a agentes estatais, entre eles, um ex-governador do Estado do Rio de Janeiro com recursos federais.

Além do ex-governador fluminense, também tiveram mandados de prisão expedidos Hudson Braga, ex-secretario de obras e braço direito do atual governador, Luiz Fernando Pezão, e Wilson Carlos, que coordenou a campanha de Cabral e é ex-secretário de Governo. A mulher de Cabral, Adriana Ancelmo, foi alvo de condução coercitiva.

Mais de 200 policiais cumprem 38 mandados de busca e apreensão, oito mandados de prisão preventiva, dois de prisões temporárias e 14 de condução coercitiva expedidos pela Justiça Federal do Rio. Os policiais também cumprem outros 14 mandados de busca e apreensão, dois de prisão preventiva e um de prisão temporária expedidos pela Justiça Federal do Paraná.

Dinheiro usado para pagamento de despesas pessoais

A propina que vinha da obra do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) direcionada ao ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), pagou móveis, eletrodomésticos, veículos, máquinas agrícolas e até vestidos de festa para a ex-primeira-dama do Estado, Adriana Ancelmo. De acordo com o MPF (Ministério Público Federal), Cabral recebeu, em espécie, R$ 2,7 milhões da Andrade Gutierrez pelo contrato de terraplanagem do Complexo – o equivalente a 1% da participação da empreiteira na obra.

O fato foi delatado pelos próprios executivos da empresa, colaboradores da Lava Jato. Cabral sempre negou que tenha solicitado propinas e afirmou ter tido “apenas relações institucionais” com as empreiteiras durante seu governo. Desse total, R$ 950 mil foram pagos em compras de bens de alto valor, como os vestidos de Ancelmo, e em depósitos bancários de até R$ 10 mil, segundo levantamento parcial do MPF.

Foram comprados seis vestidos de festa para Adriana Ancelmo, que foi alvo de condução coercitiva da operação, segundo o procurador. Máquinas agrícolas e financiamentos de automóveis também estão entre as compras feitas com propina. “Foi uma estratégia para evitar a fiscalização financeira e tentar esconder o produto do crime”, afirmou o procurador Athayde Ribeiro Costa, do Ministério Público Federal no Paraná.