Os órgãos de segurança pública do Rio Grande do Sul deflagraram, nesta sexta-feira (28) aquela que é chamada de maior operação contra a criminalidade da história gaúcha. Com apoio do Judiciário e Ministério Público, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) e seus órgãos vinculados transferiram, com ajuda da União, 27 líderes de facções para presídios federais.
Mais de três mil homens, de 20 instituições, foram mobilizados para a execução da Operação Pulso Firme, que pretendia transferir 46 criminosos. A Justiça, no entanto, só autorizou 27 para as unidades penitenciárias federais de Campo Grande (MS), Porto Velho (RO) e Mossoró (RN).
Mantida em sigilo até a madrugada desta sexta-feira, a ação começou por volta das 3h da manhã, quando um comboio foi até a PASC (Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas), Penitenciária Modulada Estadual de Charqueadas, PEJ (Penitenciária Estadual do Jacuí) e Presídio Central.
A extração foi concluída nas penitenciárias de Charqueadas às 6h50. Pouco depois das 8h, o comboio chegou à Base Aérea de Canoas, onde dois Hércules C-130 esperavam pelos prisioneiros. Também houve transferências de apenados da Penitenciária Modulada Estadual de Montenegro e do Presídio Regional de Pelotas.
Em Canoas, os presos passaram por exames médicos realizados pelo Instituto-Geral de Perícias. Após o procedimento, a custódia foi então repassada a agentes do Departamento Penitenciário Nacional, que utilizou um avião da Força Aérea Brasileira para conduzir os detentos às unidades federais de destino.
Penas somadas representam 1.200 anos de reclusão
Os presos transferidos representam as principais lideranças do crime organizado no RS. Somadas, suas penas ultrapassam 1.200 anos de reclusão. Os trabalhos para a extração dos bandidos dos presídios estaduais iniciaram há cinco meses, sob a coordenação do secretário da pasta da Segurança Pública Cezar Schirmer.
Conforme a SSP, os apenados foram selecionados em um trabalho conjunto da secretaria e de setores de inteligência dos órgãos de segurança estaduais e federais. O critério estabelecido foi a posição na organização a qual pertencem, somada a capacidade de influência e de comando que possuem dentro e fora do sistema penitenciário.
Com base nesta metodologia, a SSP visa desarticular a cadeia de comando, eliminando a comunicação – que determina ações diversas, como a gestão do tráfico de drogas e a execução de integrantes de grupos rivais. Possíveis mudanças na hierarquia das facções estão sendo monitoradas.
“Esta ação não se encerra hoje. O número de indivíduos a serem transferidos não foi fixado. Existem outros nomes que, embora não tenham sido encaminhados ao sistema prisional federal, em um futuro próximo poderão ter o mesmo destino”, afirmou Schirmer.
“Dia D”
Após a extração dos presos, policiais civis e militares, integrantes do Gaes (Grupo de Ações Especiais da Susepe) e do Corpo de Bombeiros Militar garantiram a segurança durante todo o trajeto. O transporte dos presos foi monitorado direto do CICC (Centro Integrado de Comando e Controle), através de imagens transmitidas pela internet, captadas por câmeras instaladas em viaturas.
Em paralelo, a Brigada Militar efetua barreiras e operações de saturação de área em todas as regiões do Estado. Os trabalhos ganharam, a partir desta sexta-feira, o apoio do Exército Brasileiro e da Força Nacional de Segurança Pública, de forma a garantir a segurança e a normalidade nas comunidades. Em Porto Alegre, ainda há o apoio da Guarda Municipal e da EPTC.
A Polícia Civil, por sua vez, deflagrou uma série de operações visando cumprir 181 ordens judiciais entre mandados de prisão, de condução coercitiva e de busca e apreensão. As ações ocorrem em diversos municípios e visam desestruturar grupos criminosos especializados em crimes como crimes contra o patrimônio, tráfico de drogas, homicídios e lavagem de dinheiro. Cessar o acesso das quadrilhas ao seu capital financeiro é considerado vital pela corporação. Para tanto, foram executados bloqueios de contas bancárias e sequestro de bens móveis e imóveis e outros procedimentos específicos em investigações deste tipo de delito.
Chamado de “Dia D”, a ação contou com apoio da Brigada Militar, Polícia Civil, Superintendência dos Serviços Penitenciários, Instituto-Geral de Perícias, Corpo de Bombeiros Militar, Ministério da Justiça e Segurança Pública (Departamento Penitenciário Nacional, Secretaria Nacional de Segurança Pública, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Força Nacional de Segurança Pública), Ministério da Defesa (Força Aérea Brasileira e Exército Brasileiro), Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (Agência Brasileira de Inteligência), Justiça Federal, Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, Ministério Público do Rio Grande do Sul e Prefeitura Municipal de Porto Alegre (Secretaria Municipal de Segurança, Empresa Pública de Transporte e Circulação e Guarda Municipal).