O secretário de Estado de Polícia Civil (Sepol), delegado Marcus Vinícius de Almeida Braga, disse hoje (3), na cerimônia de posse, que a equipe que investiga os assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes não estão entre as alterações que promoverá na pasta.
Ele manifestou confiança no delegado Giniton Lages, que conduz as investigações, e disse que não pretende começar um trabalho do zero. “Já tive uma reunião com ele. Entendi a investigação. É uma investigação muito profissional”, disse, acrescentando que a resposta sobre o crime ocorrido em abril de 2018 será dada.
A Sepol é uma das novidades do governo de Wilson Witzel. Ela será dividida em três subsecretarias: uma operacional, outra de gestão administrativa e uma de inteligência. Também foi criada a Secretaria de Estado de Polícia Militar (SEPM), que será comandada pelo coronel Rogério Figueiredo de Lacerda, empossado esta manhã (3). As duas pastas substituem a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Seseg).
O delegado Rivaldo Barbosa, que ocupava a chefia da Polícia Civil, lembrou o caso Marielle em seu discurso, e assegurou que os homicídios serão solucionados. “Teria tantas observações fazer, mas tenho certeza que na hora certa a investigação policial falará por si só”, disse.
Mudanças
O secretário Marcus Vinícius de Almeida Braga disse que um dos principais desafios será desarticular as facções criminosas e prender suas lideranças no menor tempo possível. Para tanto, foi criado o Departamento-Geral de Investigação à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro. Já foram designados para a estrutura 10 delegados e 80 policiais civis.
Algumas estruturas já existentes também passarão por alterações. “Transformamos a Divisão de Homicídios no Departamento Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa, cujo ambicioso projeto inclui a inauguração de duas novas delegacias: uma no norte fluminense e uma no sul fluminense”, anunciou Marcus Vinícius.
Dentro desse novo departamento, haverá um núcleo específico para investigar a morte de policiais. “Cada morte policial tem que ser investigada como uma morte prioritária no governo”, disse o secretário. Ele lembrou também a decisão de Witzel de dar à Defensoria Pública do Rio de Janeiro a atribuição de defender juridicamente os policiais fluminenses em eventuais ações movidas em decorrência da atividade profissional.
Outra mudança é o retorno à Polícia Civil da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco). A estrutura estava vinculada à agora extinta Seseg. “Com muito orgulho, vejo a Draco voltar para a Polícia Civil, de onde nunca deveria ter saído”, disse Marcus Vinícius.
Carreira
Segundo o secretário, a nova estrutura deixa a Polícia Civil mais independente e mais operacional. “Não estamos aqui para fazer o fácil”, disse.
Marcus Vinícius é formado em direito e integra os quadros da Polícia Civil do Rio de Janeiro desde 2002, quando passou a atuar como inspetor de polícia. No ano seguinte, tomou posse como delegado. Ainda em 2003, foi designado como delegado-assistente da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE).
Em sua carreira policial, Marcus Vinícius chefiou diversas delegacias especializadas, como a de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC), a de Combate às Drogas e a de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA). Antes de ser nomeado para exercer o cargo de secretário, ele estava lotado como diretor de Polícia Especializada (DGPE).