Cotidiano

São Paulo testará 90 mil profissionais da saúde para covid-19

Ao inaugurar dez novos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Hospital do Servidor Público Municipal, na manhã de hoje (26), o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, anunciou que realizará testagem para a covid-19 dos cerca de 90 mil profissionais que atuam na rede de saúde. Os testes serão do tipo sorológico, que detecta a presença de anticorpos para o novo coronavírus (covid-19) na amostra de sangue. 

O nível de confiabilidade da técnica sorológica tem sido criticado por especialistas, incluindo pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Por não terem tanta precisão, podem acusar falsos negativos e falsos positivos, de modo que a recomendação é de se aplicar o teste molecular, chamado de Transcrição Reversa seguida de Reação em Cadeia da Polimerase (RT-PCR), feito a partir de amostras da mucosa na cavidade nasal e capaz de diagnosticar até mesmo a carga viral em pacientes assintomáticos.

“Hoje a gente faz a testagem apenas para os funcionários que apresentam sintomas e a gente vai começar a testar todos”, informou Covas. 

O Hospital do Servidor Público passa a dispor de 23 leitos de UTI. Foram investidos R$ 1,14 milhão para concluir a ala, que deverá atender a pacientes idosos, após o fim da pandemia. O pronto-socorro também passa por obras de ampliação, viabilizada por um empréstimo de US$ 100 milhões concedido pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com que também será custeada a construção de uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA), que ficará ao lado do hospital.

Segundo o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, a testagem dos profissionais de saúde irá compreender todos os 96 distritos da cidade, possibilitando uma “radiografia importante” quanto à dimensão do ciclo de transmissão entre a categoria. 

O secretário disse que, até o momento, a prefeitura já abriu 1.007 novos leitos para atender a pacientes com a covid-19. Até a tarde de ontem (25), a taxa de ocupação dos leitos era de 88%.

Isolamento

Bruno Covas disse ter uma “avaliação positiva” quanto à taxa média de isolamento social obtida durante o feriado prolongado pela antecipação de Corpus Christi, do Dia da Consciência Negra e do Dia da Revolução Constitucionalista. 

Ele adiantou que deverá apresentar amanhã (27) “números muito positivos”, que já demonstram “estabilização” da pandemia no município. 

Quanto aos rumos da quarentena a partir de 1º de junho, disse que ainda estão em andamento as tratativas com o governador de São Paulo, João Doria, mas que devem chegar a um consenso sobre as medidas e anunciá-las amanhã (27). 

No boletim mais recente da Secretaria Municipal da Saúde, publicado ontem (25), são registrados 49.596 confirmados da covid-19, 164.677 casos suspeitos e 3.573 mortes em decorrência da doença. O estado de São Paulo, por sua vez, já soma 83.625 casos confirmados e 6.220 óbitos.

Operação Placebo

Ao comentar a operação da Polícia Federal na manhã de hoje (26), no Rio de Janeiro, a Operação Placebo, com a finalidade de apurar indícios de um esquema de corrupção, que envolveria o Instituto de Atenção Básica e Atenção à Saúde (Iabas), contratado para a instalação do hospital de campanha no Complexo do Anhembi, na capital paulista, Bruno Covas disse que está tratando do assunto “com total transparência” e que a prefeitura está disponível para colaborar com as autoridades competentes, ainda que a unidade de São Paulo não seja alvo direto de investigação. 

“Se tiver qualquer responsável, que seja punido com o rigor da lei. Já é um absurdo você desviar recursos da área da saúde. Imagina em um momento de pandemia, como esse, em que a gente tem que correr contra o tempo para não deixar ninguém sem atendimento.”