A soma das exportações do Rio Grande do Sul em 2023 atingiu a marca de US$ 22,3 bilhões, uma queda de 1,3% em relação a 2022. Os dados são do DEE (Departamento de Economia e Estatística), vinculado à SPGG (Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão), e foram divulgados nesta quarta-feira (31).
No balanço do ano, a soja em grão manteve-se como o item mais exportado do Estado, com US$ 4,05 bilhões, seguido pelo fumo não manufaturado (US$ 2,29 bilhões) e farelo de soja (US$ 1,81 bilhão). No entanto, estes produtos não foram suficientes pra manter as vendas do RS na ascendente.
Em relação aos demais Estados, o Rio Grande do Sul não acompanhou a tendência de crescimento, que foi de 1,1% em 2023, e apresentou queda de 0,2 pontos percentuais em sua participação relativa, passando para 6,6% do total dos estados brasileiros. Ainda, o RS manteve a sexta posição entre os principais estados exportadores do Brasil, atrás de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso e Paraná.
Conforme o pesquisador Ricardo Leães, do DEE, atuou como fator restritivo das exportações, a queda nos preços internacionais das principais commodities agropecuárias. Os três produtos que mais apresentaram queda nas exportações no período foram celulose (menos US$ 378,4 milhões; -31,2%), óleo de soja (menos US$ 308,9 milhões; -39,8%) e cereais (menos US$ 302,1 milhões; -17,7%).
Menos estiagem e a relação com a China
Contudo, com alguns produtos em expansão, o governo do RS destaca que este é o segundo maior valor da série histórica, iniciada em 1997. Cresceram as vendas de:
- Soja em grão (mais US$ 747,7 milhões; 22,6%),
- Farelo de soja (mais US$ 328,7 milhões; 22,2%)
- Fumo não manufaturado (mais US$ 299,7 milhões; 15,1%)
- Bombas, centrífugas, compressores de ar, ventiladores, exaustores, aparelhos de filtrar ou depurar e suas partes (mais US$ 236,8 milhões; 906,8%)
- Bovinos e bubalinos vivos (mais US$ 98,7 milhões; 253,7%)
- Partes e acessórios dos veículos automotivos (mais US$ 84,7 milhões; 15,7%)
- Armas e munições (mais US$ 65,0 milhões; 38,9%)
Segundo Leães, dois fatores explicam o lado positivo das exportações gaúchas: o fato de a estiagem no período ter sido menos severa; e o aumento de 14,6% nas vendas para a China, que até então já era o principal comprador dos produtos do RS, com 24,5% das exportações. Com seu modelo econômico baseado nas exportações e no avanço industrial, o país asiático acaba comprando mais produtos de origem agropecuária, sobretudo soja em grão, carne suína, celulose e fumo não manufaturado.
“O cenário se explica, principalmente, pelo crescimento da renda média da população chinesa, cujo padrão de consumo avançou ao longo das últimas décadas. Outros países do Sudeste Asiático também têm crescido em importância para as exportações gaúchas, movimento explicado pelo crescimento da base industrial, a elevação no nível de renda média e o incremento das importações de commodities agrícolas. Em 2023, o Vietnã apresentou alta de 46,1% nas importações de produtos gaúchos, e Bangladesh, 268,5%”, explicou Leães.
O estudo aponta, por fim, que a desaceleração no ritmo de crescimento da economia chinesa nos últimos cinco anos ainda não trouxe resultados adversos ao Rio Grande do Sul devido a dois fatores: as médias ainda altas de crescimento da China em relação a economias desenvolvidas e a escassa oferta global de soja em grão, o que beneficia o Estado.